Crítica 2: A Torre Negra

'A Torre Negra' diverte mas falha feio em introduzir universo e adaptar personagens de uma saga épica

Após anos de especulações e de muitos diretores e produtoras entrando e saindo do projeto, a saga épica de Stephen King de fantasia, ficção e aventura chega enfim aos cinemas na adaptação de Nikolaj Arcel e o resultado é divertido, porém deplorável em termos cinematográficos e vergonhoso para os fãs da série de livros sobre pistoleiros, magia e dimensões paralelas.

Na trama Roland Deschain é um pistoleiro que jurou defender a “Torre Negra” um prédio que é o centro de todas as dimensões. Para fazer isso ele caça o Homem de Preto pelo desolado Mundo Médio no intuito de impedir ele de destruir a Torre e trazer o caos para todas as dimensões.

Um dos maiores problemas do longa é seu roteiro, percebe-se aqui além de um completo descaso com os livros de King, uma afronta a seu público pois temos um filme extremamente curto para a história que tenta apresentar, com muito conteúdo místico e científico e um universo que segue suas próprias regras, mas não é devidamente explorado. Era preciso, de no minimo, uma introdução adequada, afinal essa obra era capaz de rivalizar com Matrix e Senhor dos Anéis, mas os elementos são jogados pela tela sem serem devidamente desenvolvidos. O mesmo também ocorre nas relações entre os personagens, onde a rivalidade e antagonismo entre o Homem de Preto e O Pistoleiro é sugerida mas nunca sentida, talvez o ponto positivo esteja apenas na relação do garoto Jacob Chambers com Roland, mas nunca aprofundado. Além disso, tudo aqui funciona bem na sua forma rasa, pode-se aproveitar o tempo como entretenimento casual de um domingo à tarde sem compromisso e sem pretensões, mas claramente poderia ter sido muito mais, não se trata de ser fiel ou não, mas sim de ter coesão narrativa.

Com design padronizado de filmes de baixo orçamento e não condizentes com a proposta da aventura, a arte está entre os grandes defeitos do filme, e isso se percebe também pelos figurinos usados, você com certeza já viu algum deles em qualquer outra produção lançada no cinema, o que atrapalha o desenvolvimento da história. Já a fotografia tem lá seus bons momentos com perseguições e tiroteios formidáveis de Roland contra seus inimigos, mas ao mesmo tempos há ainda ocasiões onde cenas escura e mal formuladas não engatam, além é claro, de más escolhas de enquadramentos, não existindo um bom ritmo entre elas.

O elenco tem nomes como Matthew McConaughey, Idris Elba, Tom Taylor, entre outros que figuram pela história, mas esses três são os únicos a serem explorados na trama.

McConaughey faz O Homem de Preto, icônico e complexo vilão da história épica, mas que ficou limitado por sua atuação caricata, automática e em muitas dessas ocasiões são causadas pelo terrível texto que precisa ser seguido. Devido a carreira do ator havia grande expectativa, mas o resultado não foi nada agradável, diferente de Elba que fez Roland de uma ótima maneira, personificando bem os demônios internos e o sofrimento do herói, mas mais uma vez foi prejudicado pelo roteiro, enquanto Tom Taylor tem uma atuação aceitável que não atrapalha mas também não se sobressai, e assim como McConaughey está bem irregular na performance.

Para finalizar tem também a direção Nikolaj Arcel, com uma linguagem confusa e sem um tom aparente, responsável por deixar passar vários erros, contudo ele se saiu bem ao conduzir certas sequências, mas ao falhar na estrutura, isso provocou sérios problemas para a adaptação.

“A Torre Negra” vai lembrar filmes de sessão da tarde como “Mestres do Universo”, uma produção vergonhosa em termos técnicos e narrativos e se analisarmos o material de origem se torna ainda mais abaixo do esperado, mas que até entretém em seu curto tempo, com cenas de ação divertidas, personagens e universo promissores, efeitos aceitáveis e logicamente, pela nostalgia de ter assistido muitos filmes assim em nossa infâncias, que mesmo com tantas gafes conseguem nos fisgar, mas não da maneira certa, infelizmente.

REVER GERAL
Roteiro
4
Direção
6
Atuações
5
Direção de Fotografia
6
Direção de Arte
3
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.