Stella Grant (Haley Lu Richardson) tem quase dezessete anos de idade, vive conectada ao seu laptop e ama as suas melhores amigas, porém ao contrário da maioria das adolescentes, ela passa grande parte do seu tempo vivendo em um hospital em função do seu tratamento de fibrose cística.
A vida de Stella é cheia de limites e autocontrole – tudo isso é testado quando ela encontra um paciente incrivelmente charmoso chamado Will Newman (Cole Sprouse). Há um flerte instantâneo, embora as restrições determinem que eles devem manter uma distância segura, pois ele tem uma bactéria que o impede de receber novos pulmões e precisa responder ao tratamento.
O filme foi escrito em paralelo ao livro de Rachael Lippincott de mesmo título, que divide a história e a narra através de capítulos intitulados de “Stella” e “Will”. Ao ler sobre cada um deles nós entramos em suas mentes, nos seus pensamentos diante das situações, e em seus planos para o futuro. Há um respeito muito grande sobre isso no filme, pois é como se cada capítulo fosse um quarto e ao adentrar no quarto de Will e Stella estamos diante dos seus capítulos e explorando um pouco mais do seu universo.
Roteirizado por Mikki Daughtry e Tobias Iaconis (ambos de “A Maldição da Chorona”), eles focam na realidade de quem precisa viver no hospital, pecando apenas por não terem dado mais dinâmica a história através da eliminação de alguns excessos. Já a direção de Justin Baldoni é eficiente, moderna e dialoga bem com a juventude atual.
Haley Lu Richardon é muito mais muito carismática mesmo, dona de um sorriso contagiante. A jovem já tinha aparecido em “Quase 18” (2016) e “Fragmentado” (2016), e finalmente ganhou um papel como protagonista no qual ela atua muito bem, transmitindo os sentimentos de culpa que a personagem carrega consigo por conta de alguns acontecimentos pessoais. Mesmo com fibrose cística ela não desiste de viver nem por um dia, é muito disciplinada, tem uma lista de afazeres, faz exercícios, se alimenta bem, tem um canal no Youtube criou um app para que as pessoas com o mesmo diagnóstico possam receber lembretes sobre as suas medicações, dentre outras coisas. Cole Sprouse, o astro de “Riverdale”, faz um personagem diferente de seu famoso Jughead. Como Will ele se sente cansado de já ter ido em tantos hospitais e não ter tido êxito em seu tratamento, vivendo de privações e ansioso para completar 18 anos para poder ser responsável pelas suas próprias decisões, mas ao conhecer Stella ele encontra uma motivação não apenas para sobreviver como também para manter o seu tratamento em dia. Além do casal, outro personagem que se destaca é Poe que é intensamente vivido por Moisés Arias, ele é o melhor amigo de Stella, sempre bastante sensível e engraçado, ele serve para minimizar o choro em diversos momentos, apesar de também ser responsável por uma das sequências mais tristes do longa.
Sabemos que filmes como este vão nos levar às lágrimas, pois só de pensar em duas crianças que são diagnosticados com uma doença grave e seguem levando essa condição até a adolescência já é muito triste tanto para quem vive como para quem precisa passar por todo o processo. Começamos a imaginar também as dificuldades de um transplante, de se manter ileso a qualquer bactéria durante todo o tratamento no hospital. A vontade de viver é uma luta diária e acompanhamos isso em Will, Stella e Poe durante todos os altos e baixos da luta contra essa doença devastadora.
Por outro lado, o filme nos faz refletir sobre a situação do casal Will e Stella, que precisam ficar distante um do outro, pois ele contraiu uma bactéria extremamente resistente aos antibióticos e para não contaminá-la e piorar o quadro clínico da jovem, eles precisam ficar longe. Sendo assim, o que parece comum para uma pessoa saudável, como um toque, um abraço, um beijo, para eles pode significar a morte, nos fazendo refletir sobre os pequenos prazeres do dia a dia que muitas vezes não valorizamos ou simplesmente desperdiçamos.
Tal como no livro, o filme mantém as ações singelas de Stella, e a humildade de Will em saber pedir desculpas quando erra, além de contar com cenas de muita sensibilidade, como quando os dois estão na piscina mostrando os seus corpos repletos de cicatrizes, ou quando eles andam de mãos dadas através de um pedaço de madeira e avistam um casal de idosos, fazendo com que eles se imaginem chegando naquele estágio da vida juntos.
“A Cinco Passos de Você” conta a história de dois adolescentes que precisam lutar contra a fibrose cística, mas se mantêm motivados pelo seu amor e, apesar do tema triste, o filme acende a chama da vontade de viver, e conhecemos mais sobre o dia a dia de pacientes que precisam ficar no hospital para seguir com a rotina de tratamento. Haley Lu Richardson e Cole Sprouse fazem um bom trabalho, cheio de potencial, com um enredo cheio de clichês bem executados, de forma singela passa uma mensagem muito importante: Viva intensamente!