“A Torre Negra” é a adaptação de um dos livros mais emblemáticos de Stephen King, conhecido como o rei do horror, mas que nessa obra resolve experimentar o tom e as possibilidades da fantasia, sempre deixando sua marca registrada com seus personagens carismáticos e bem desenvolvidos, mas infelizmente o que chega aos cinemas é uma história morna, que mais parece ter sido adaptada de um livro infanto juvenil genérico do que de uma obra de um autor renomado como ele.
Na história somos apresentados a Jake (Tom Taylor), um jovem que tem tido pesadelos com um homem de preto e um pistoleiro misterioso. Quando está acordado em seu mundo real, o garoto é visto como uma criança com problemas psicológicos causados pela perda de seu pai durante a infância, porém não demora muito para as suas visões ganharem forma e seus pesadelos aos poucos se tornarem realidade, o colocando como um ponto crucial no destino da humanidade.
A trama não vai muito além do que foi descrito acima, pois o roteiro é preguiçoso e não tem a pretensão de desenvolver uma história complexa, longe disso, o longa é claramente voltado para o público adolescente, com desenvolvimentos mínimos, mas uma história que é divertida dentro de sua própria previsibilidade.
O elenco conta com dois grandes nomes que são destruídos pelo texto fraco e a direção problemática. Matthew McConaughey, que inclusive chegou a ganhar um Oscar pelo filme “Clube de Compras Dallas” e arrecadou elogios na primeira temporada da série “True Detective” da HBO, aqui tem um dos piores trabalhos de sua carreira. Matthew interpreta Walter, o vilão da história que possui motivações tão pífias que só não são piores que a sua interpretação caricata e canastrona. Idris Elba, por outro lado consegue se manter equilibrado como Roland e entrega um trabalho aceitável, que não sai de sua zona de conforto, porém não atrapalha o desenvolvimento da narrativa. O único ponto positivo é a química entre Idris e Tom Taylor que interpreta o jovem Jake, e juntos eles constroem uma relação paternal cativante.
A direção de arte é outro âmbito descompromissado no filme, começando pela composição dos cenários que é mediana quando se mantém no mundo real, mas que quando adentra ao universo fantástico no qual se encontra o conflito principal, a representação é preguiçosa, com ambientes pouco impactantes e sem nenhuma autenticidade para poder ser considerado algo novo ou diferente do que já conhecemos. Os figurinos de Roland e Walter lembram filmes de baixo orçamento dos anos 80, o que não condiz com a capacidade da produção, e acaba sendo outro ponto fraco da daptação.
A fotografia é medíocre, mas consegue desenvolver bons planos nas cenas de ação, trazendo ritmo e dinâmica no ápice do filme. Nada que saia do esperado, mas não chega a prejudicar o andamento da história.
A direção de Nikolaj Arcel é oscilante, mas eficiente até certo ponto. É importante perceber que o roteiro da obra é uma das partes mais comprometidas, e a direção apenas faz o máximo para dar vida ao texto da melhor forma possível. Por mais que Nikolaj falhe na hora de auxiliar seu elenco na construção de seus personagens, ele consegue desenvolver bem a química e interação entre eles. As cenas de ação possuem alguns momentos clichês que beiram ao ridículo, mas por outro lado há uma boa apresentação das habilidades de Roland como pistoleiro, que ajudam a promovê-lo como herói da história.
Por fim, “A Torre Negra” é um filme vergonhoso se comparado com o material riquíssimo construído por Stephen King em seus livros. No entanto, com apenas 95 minutos, o longa não chega a ser cansativo e acaba funcionando como um entretenimento casual e esquecível.