[Crítica] Animais Fantásticos e Onde Habitam

Doze anos separam a estréia de “Animais fantásticos e Onde Habitam” do grande final da saga de “Harry Potter” nos cinemas. Então é preciso entender que as expectativas para esse filme eram mais altas que o normal, os fãs de J.K. Rowling sempre sonharam com algum tipo de continuação da história que acompanharam por anos e anos, sendo assim esse era o momento do aguardado retorno do universo mágico.

Apesar de ter sido realizado uma escalação de elenco formidável com nomes como Ron Pearlman e Jon Voight,o anúncio de que o roteiro seria escrito pela própria J.K. Rowling, a confirmação recente que essa franquia seria composta por cinco filmes e a volta do elogiado David Yates na direção, ainda havia muitas dúvidas ao redor dessa nova franquia.

O filme narra a historia de Newt Scamander (Eddie Redmayne), 70 anos antes da franquia de Harry Potter. Scamander chega em Nova York em uma comunidade bruxa norte-americana onde irá precisar usar suas habilidades e conhecimentos de magia para proteger sua maleta na qual vivem diversos animais fantásticos que ele coletou durante suas viagens, tudo isso em meio a um clima de tensão gerado pelos ataques terroristas do bruxo das trevas Gerardo Grindelwald.

O roteiro do longa é muito bem montado ao apresentar seu mundo, a época em que se passa e seus carismáticos personagens. A obra consegue desenvolve-los em uma trama divertida de aventura do tipo que está em falta no cinema atual e traz ainda uma subtrama sombria bem colocada e trabalhada que será mais aprofundada nos próximos filmes dessa nova saga. Há apenas um pequeno deslize no meio do filme, quando perde-se um pouco o ritmo pra mostrar todas as incríveis criaturas de Newt Scamander.

 

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O mais interessante desse roteiro é que apesar de se tratar de uma história de época ele consegue trabalhar algumas críticas sutis a sociedade atual, tais como intolerância, fanatismo religioso e a política norte-americana. Há também algumas novidades, como um trabalho maior ao redor do mundo e da perspectiva dos trouxas, trazendo arcos envolvendo trouxas muito relevantes à trama, e não apenas colocados como vítimas ou figurantes na historia de fantasia.

As atuações estão todas no mesmo nível de qualidade com performances formidáveis de Eddie Redmayne como o tímido, sensível e atrapalhado Newt Scamander, Ezra Miller como o atormentado e sombrio Credence, Dan Fogler como o cômico e carismático Jacob, Alison Sudol como a deslumbrante e doce Queenie Goldstein, Katherine Waterson como a esforçada e preocupada Porpentina Goldstein e Samantha Morton como a insana Mary Lou.

 

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E outras muito curiosas e interessantes como Colin Farrell como Percival Graves, que parece estar se divertindo muito em seu papel como antagonista, Ron Pearlman como o duende cínico Gnarlack, e Carmen Ejogo como a forte líder Seraphina Picquery.

A fotografia usada para contar essa aventura demonstra forte liberdade, trabalhando uma mistura de tom sépia representando o estilo dos anos 20, com tons escuros que dialogam com o lado adulto do filme e com cores destacadas para dar o ar mágico e deslumbrante do universo de J.K. Rowling. A inusitada mistura de estilos traz uma atmosfera única e carismática ao filme, e possivelmente de toda essa nova franquia que está surgindo.

 

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Cada pequeno elemento desse filme é muito bem pensado, um desses é o figurino e a direção de arte, extremamente caprichosa ao mostrar uma riqueza nas roupas e cenários, com um olhar nostálgico deslumbrante no visual de fantasia trazendo uma atmosfera dos anos 20 e que casa muito bem com a fotografia do filme além de se encaixar perfeitamente na proposta do longa.

Agora vamos falar da trilha sonora, que aqui se mostra muito presente e cheia de empolgação durante todo o filme. A trilha fica ali no limite entre o respeito e a ousadia ao universo, trazendo um ar cômico cheio de aventura que se assemelha a personalidade do herói da história e com outros momentos em que se torna épica e fantasiosa trazendo variações das músicas dos filmes da franquia Harry Potter.

Por último é preciso admirar a segura e confiante direção de Yates, que já havia mostrado anteriormente seu talento para trabalhar e adaptar a saga de livros e seu universo. Aqui vemos ele se divertir e explorar muito bem os vários novos e antigos elementos da franquia, com grande maestria e respeito em um mundo promissor, mas, com uma boa e divertida história fechada, que apresenta e trabalha bem cada pequeno detalhe, dando ritmo, carisma e força à essa nova saga.

O resultado final conseguiu superar qualquer expectativa nos mostrando o quanto esse universo é rico e ainda existem muitas possibilidades a serem exploradas, nos ensinando em meio à uma aventura de fantasia, a importância de valores como amor, respeito ao próximo e a amizade. Por fim, ao seu término, o longa ainda traz algumas pistas e perguntas que encaminham a trama para uma ambiciosa história. Difícil vai ser segurar a empolgação e expectativa até o lançamento do próximo filme em 2018.

REVER GERAL
Roteiro
9
Direção
10
Atuações
10
Direção de Fotografia
9
Direção de Arte
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.