[Crítica] Animais Noturnos

Animais Noturnos

 

Sendo um dos longas americanos mais aguardando do ano, Animais Noturnos traz uma premissa intrigante acompanhada de um elenco incrível. Infelizmente o roteiro fraco e a direção iniciante de Tom Ford, botam tudo a perder. Inclusive o elenco.

Animais Noturnos conta a história de Susan (Amy Adams), uma artista bem sucedida que está no auge da vida profissional, porém sofre de um vazio enorme referente as suas escolhas amorosas. Durante um final de semana ela recebe um rascunho do livro escrito por seu ex marido, e é no decorrer dessa leitura que a trama acontece. Dividida entre os acontecimentos do livro, as lembranças de Susan e a realidade atual, o longa já peca tendo dificuldades em estabelecer o mesmo nível de interesse nessas três tramas paralelas.

O primeiro ato é belíssimo pois instiga o público a pensar e teorizar sobre os acontecimentos. A direção de Ford parece tão pontual que dificilmente lembramos de se tratar de um iniciante, no entanto, todo o suspense enigmático vai sendo quebrado de forma precoce com respostas óbvias, acompanhadas de diversos recursos exaustivos para resgatar o que já está perdido.

O roteiro se mostra fraco e pega o diretor de surpresa com diversas cenas alto explicativas e diálogos artificiais que por alguns instantes parecem até intencionais, mas não são, subestimando o público de forma desprezível.

 

Animais Noturnos

 

Amy Adams se entrega ao máximo mas não é perdoada pelo diretor inexperiente e o texto ruim. Sua performance oscila entre momentos palpáveis e outros que beiram ao ridículo, a maquiagem por alguns instantes parece ajudá-la mais do que o material a ser trabalhado, porém seus diálogos secos, além de teatrais, não transmitem as intonações necessárias para diversas circunstancias distintas que o longa explora. Jake Gylenhaal, Michael Shannon e Aaron Taylor-Johnson, são os que melhor conseguem driblar o texto e entregar algo digno.

A fotografia é belíssima, e varia entre criatividade e clichês. Por diversos momentos desperta a sensação de estar vendo algo que já foi visto anteriormente, no entanto isso passa longe de ser um problema ainda mais quando contempla a incrível arte do filme, que por sinal é algo deslumbrante de saltar os olhos, principalmente quanto ao figurino, que não negam a passagem de Tom Ford pela indústria da moda.

O roteiro peca pelos diálogos, e por não conseguir manter o clima de suspense construído durante o primeiro ato, ainda assim no decorrer de sua lenta história, acaba se mostrando um longa requintado sobre rancor e arrependimento, se há algo que a produção consegue transmitir com maestria é essa perspectiva.

Animais Noturnos é adaptado de um obra literária, e consegue captar a essência do material mas peca em sua condução. O longa possui uma equipe incrível, desde o seu elenco até os diretores de fotografia e arte, no entanto a direção de Tom Ford oscila entre grandes feitos e outros momentos grotescos que acabaram retirando a oportunidade do filme se tornar um marco desse ano.

O longa faz parte da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e deve chegar nos cinemas em 29 de dezembro. 

REVER GERAL
Roteiro
6
Direção
6
Atuações
7
Direção de Fotografia
9
Direção de Arte
10
Criador e editor da Cine Mundo, trabalho com conteúdo online há mais de 10 anos. Sou apaixonado por filmes e séries, com um carinho especial por Six Feet Under e Buffy The Vampire Slayer.