Crítica: Aquele que Habita em Mim 

Aquele que Habita em Mim parte de uma premissa curiosa, absurda, mas ainda assim bem interessante que poderia render uma experiência divertida como terror, a produção dirigida por Jerren Lauder e escrito por Kevin Bachar foca em explorar o seguinte conceito:

“E se a terrível assassina Lizzie Borden tivesse descendentes?”

Na trama, acompanhamos Tara (Odessa A’zion), uma adolescente que acredita que sua família é alvo de uma maldição horrível que começou com sua ancestral, a infame Lizzie Borden. Aqueles que sofrem da maldição vivenciam pesadelos, impulsos assassinos e visões de Lizzie, que incita a cometer assassinatos.

Tudo acaba girando ao redor de vários formatos de horror que nem sempre se conversam dentro da narrativa, horrores da vivência em sociedade, um mistério de assassinatos como policiais em uma investigação, um medo do sobrenatural, densidade psicológica sobre estruturas familiares e o seu maior trunfo que é: explosão de gore e slasher.

Odessa A’zion consegue segurar as tensões da trama, uma jovem com problemas na escola, com uma tia internada em um hospício por ter matado o próprio filho, além de se ver em confusa com fazer parte da linhagem de Lizzie Borden. Mas o roteiro é muito frágil, não consegue ligar esses diferentes elementos da história e sempre fica um tanto confuso se estamos diante de um terror mais pé no chão ou sobrenatural e não consegue equilibrar esses dois tons na mesma história.

O aspecto de ser uma produção menor e mais barata nem chega a se tornar um problema, nesse sentido ele até ganha um charme em ser bem contido com cenários limitados dando uma sensação de desconforto, além de saber como criar os momentos de brutalidade e horror mais direto e selvagem dentro da abordagem de um slasher.

Há alguns bons nomes no elenco de apoio que ajudam a dar mais credibilidade aos dramas da personagem, a presença forte de Dermot Mulroney sempre muito magnético em cena ou a carismática Lizze Broadway. Então acaba sendo um longa que vai variar de acordo com suas expectativas, não há uma grande exploração da figura de Lizzie Borden, logo esse teor entre o místico com o true crime não se mostra muito bem utilizado para o terror.

Mas é inegavél que tem uma certa graciosiade como terror independente que precisa pensar muito em soluções criativas para vários segmentos de mortes, como dito anteriormente se tem um trunfo que garante sua atenção é o gore, não faltam situações de catarses de violência.

E através desses momentos você pode encontrar uma sessão bem divertida, mesmo que falte coesão na história.

Otávio Renault
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.