Crítica: Blame! – Netflix

Blame! traz um espetáculo visual que não se sustenta devido ao roteiro fraco

Blame! é um longa-metragem animado japonês, também conhecido como “Anime” que adapta para o cinema o mangá cyberpunk de Tsutomu Nihei (Knights of Sidonia), a produção é feita pela produtora Polygon Pictures em parceria com a Netflix, ganhando assim o título de filme “Original Netflix” e chegou ao catálogo do Brasil no mês passado, no dia 20 de maio.

Na trama a humanidade vive em um futuro pós-apocalítico subjugados por uma Inteligência Artificial que antes foi responsável pela proteção das cidades, e agora eles vivem reclusos longe de todas as máquinas mas sofrem com a falta de alimentos. Nesse ambiente caótico Zuru, uma jovem garota sai em busca de comida e encontra Killy, misterioso humano capaz de derrotar as máquinas e que pode ser a salvação de todos os humanos.

Dito isso, vamos falar sobre seu roteiro bagunçado e mal estruturado, um dos maiores problemas apresentados no filme.

Nós temos aqui um conceito complexo e criativo para um universo de ficção científica sombria dotado de várias particularidades que tornam esse mundo fascinante com inúmeras possibilidades e mistérios a serem explorados e descobertos aos poucos, percebe-se um intuito de se fazer uma franquia de filmes com esse universo, mas esse é um ponto positivo da obra.

Utiliza-se por diversas vezes o ponto de vista de Zuru e dos humanos sobreviventes, pois nossa ótica sobre Killy é a mesma, entretanto por mais que sentimos as mesmas coisas ainda falta um desenvolvimento de personagens, é possível aceitar a falta disso em Killy, mas não nos outros personagens. O filme vai prosseguindo sem vermos a evoluções em arcos dramáticos, com uma sucessão de situações forçadas onde tudo se resolve rapidamente e com muitos diálogos explicativos, além de não saber intercalar o dinamismo das cenas extensas de ação com os mistérios arrastados que tornam o filme cansativo.

Tudo isso faz com que não tenhamos uma conexão com a trama e nem com os heróis fazendo com que não nos empolguemos e nem nos preocupemos com mortes e com seus destinos, tudo se tornar muito raso e forçado, por mais que tenham personalidades e um universo interessante, tudo é muito superficial na produção.

A dublagem, entretanto, está bem aceitável, feita aqui pelo estúdio Dubbing Company personificando bem cada personagem que passa pelo filme, mas devido ao pobre roteiro não há muito o que explorarem, apesar de apresentarem vozes que combinam com os personagens e fazem adaptações boas para o público brasileiro.

Mas existe uma área que o longa se sobressai e garante ao menos certa diversão, o design e os movimentos trabalhados desde a construção dos cenários, até a movimentação de personagens pelos lugares e o incrível trabalho de pós-produção cheio de tons de luzes e sombras, é um espetáculo visual maravilhoso que enche os olhos devido à complexidade das cenas frenéticas e ageis durante a ação, contendo técnicas avançadas entregues pela equipe.

A direção de Hiroyuki Seshita é mediana, mas funcional, alcançando o esperado das cenas de ação e suspense, ainda que falte um bom direcionamento dos personagens e dos arcos de mistério.

Concluindo, “Blame!” trazia um potencial e hype enorme devido ao seu teaser, mas infelizmente o produto entregue não faz jus a sua propaganda, pois encontramos nesse longa-metragem de animação uma grande falta de substância em trama e ritmo, o que não tira os méritos de suas insanas sequências de ação e do design surreal adotado, mas falta um elemento crucial em qualquer produção; conexão e empatia com o público.

REVER GERAL
Roteiro
4
Direção
6
Atuações
7
Direção de Fotografia
9
Direção de Arte
9
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.