No mundo em que vivemos, criar filhos não é uma tarefa fácil, mas é com maestria que “Capitão Fantástico” mostra uma perspectiva de educação que rompe os padrões estabelecidos pela sociedade e que nos leva a pensar sobre como a educação é a base de um ser.
Já pensou em ter uma educação que consegue compor “literatura”, “música”,” filosofia”, “matemática”, “português”, “esportes”, ou seja, uma criação voltada para as artes, poder da percepção e uma vida sem mentiras, sem máscaras, em que os pais e filhos podem conversar sobre qualquer coisa? Pois é, essa é a perspectiva apresentada pelo filme.
Capitão Fantástico é dirigido e escrito por Matt Ross que tem trabalhos relevantes como: “Abaixo o Amor” (2003), “O Aviador” (2014) e agora na sua nova produção traz uma perspectiva completamente diferente em que ele fala sobre família apresentando duas vertentes, a primeira é com Ben (Viggo Mortensen), o personagem principal que cria os seus filhos Bo (George Mackay), Vespyr (Annalise Basso), Rellian (Nicholas Hamilton), Zaja (Shree Crooks) e Nai (Charlie Shotwell) de maneira peculiar e eficaz, em contrapartida o convívio de seus filhos fica limitado por todas as práticas citadas anteriormente serem executadas na floresta.
Após a morte da mãe das crianças, elas são inseridas em um novo contexto, os avós maternos podem parecer que querem prejudicar os netos quando conflitam com Ben. No entanto, você percebe que eles têm motivações, amor e carinho pelos jovens e que não conseguem ver benefícios pela criação proporcionada pelo pai.
A Harper (Kathryn Hahn) adicionou a trama cenas em que o método de educar do seu irmão Ben se confrontam com o dela, no entanto o roteiro é imparcial quando ele emite essas cenas, sendo assim podemos entender a diferença entre um pai transparente e aquela mãe que inventa, floreia e omiti achando que não é o momento certo ou por medo de enfrentar a situação.
A direção de arte do filme é um dos pontos altos da produção, aqui percebemos uma meticulosidade na forma que se decorou e construiu o cenário da casa da família onde se vê uma explosão de arte, cultura, política e natureza em cada um dos cômodos contextualizando com um dos temas centrais do filme, a forma como pai instrui seus filhos e os cria, nos ambientes urbanos aposta-se mais nos figurinos de cada personagem que carregam um pouco do seu ambiente familiar pela cidade, cada qual condizente com seus pensamentos e personalidade.
Quanto a direção de fotografia, não há do que reclamar, ela dialoga tanto com sua arte quanto com os cenários e temas elaborados ao longo do filme, usando uma explosão de cores e forte saturação que evocam grande beleza e trazem forte carga emocional para a história, tantos na cidade quanto em ambientes pessoais da família, fazendo deste outro grande complemento da narrativa do diretor, que assim consegue transpor com delicadeza a experiência do filme para seu público.
O destaque nas atuações fica para o Viggo Mortensen que inclusive está indicado ao Oscar como melhor ator, e a promissora Annalise Basso conhecida por “Ouija 2” (2016) e “O Espelho” (2013) além da participação da Kathryn Hahn apresentando um trabalho comprometido.
Temos aqui um material riquíssimo que pode ser usado para reflexão, acompanhado de um elenco que te permite praticar empatia. Capitão Fantástico é um filme característico do cinema indie com poucas chances de levar Oscar, mas, com muitas chances de ganhar seu coração.