Os games estão ganhando força total na TV e no cinema, tivemos adaptações de “Angry Birds” e “Need for Speed” que divertiram o público, enquanto “Assassin’s Creed” e “Warcraft” dividiram opiniões, além dos futuros filmes de “Megaman” e “Super Mario” que já foram anunciados, e enquanto isso, a Netflix se empenha em adaptações televisivas como “The Witcher” e “Castlevania”.

Castlevania tinha sido descrita como “uma fantasia medieval sombria que acompanha o último membro sobrevivente do clã Belmont, que caiu em desgraça, tentando impedir a extinção da Europa Oriental, ameaçada por Vlad Drácula”.

Pois bem, no decorrer dos quatro episódios acompanhamos o desenrolar da trama através do ponto de vista de Drácula (Graham McTavish) e de Belmont (Richard Armitage), com apresentações dos arcos que serão desenvolvidos ao longo da temporada, como o da igreja e o dos próprios protagonistas, Drácula e Belmont, nos dando um bom panorama sobre suas motivações e opiniões, que até certo ponto, nos fazem ter empatia pela vingança de Drácula.

Em contraponto, usa-se de muito carisma e humor para o lado de Belmont, mas alguns arcos acabam se tornando vagos e carecem de desenvolvimento, como o dos Oradores, uma ordem religiosa empenhada em buscar o herói da profecia que acabará com Drácula, representada pela jovem Sypha (Alejandra Reynoso) que parte para a missão rumo ao castelo do vilão ao lado de Trevor. Esse arco, apesar de ser crucial para os eventos finais, sofre pela ausência de um foco mais direcionado.

Ainda assim, algo que o roteiro faz bem é a sua abordagem tanto do herói como do vilão, nos proporcionando personagens complexos tanto do lado da luz como do lado das trevas, o problema é que devido ao pouco tempo em tela, os outros arcos e personagens soam rasos e fracos, tornando o anime irregular em alguns momentos.

Os fãs devem curtir bastante a adaptação, pois apesar de saber levar bem o material de vários jogos para um público que desconhece a saga, há inúmeras referências circulando por toda a temporada que farão a alegria de muitos gamers, inclusive devido a aparição de um dos personagens mais amados da cultura pop, que faz sua introdução nos momentos finais da série.

Quanto as sequências de animação, temos muito a elogiar, mas também a se criticar. O design encontrado pela produção é ótimo, evoca as origens japonesas do game e é bem resolvido pois dá um tom que fica no meio termo entre o adulto e o juvenil, além de acertar em deixar cada personagem icônico e com um carisma exótico.

No entanto, infelizmente ocorrem problemas em certos momentos. A técnica de animação parece se sair muito bem quando a ideia é elevar a escala de ação e fantasia, com destruição, golpes estilosos e muita movimentação pelo cenário, um ponto positivo para a produção, todavia, quando estamos presenciando uma simples briga de bar ou alguma cena que envolve um acontecimento mais realista, percebe-se que a fluidez some das telas, e se torna tudo um tanto quanto travado, engasgado, e até cansativo pela falta de agilidade.

As vozes foram bem escolhidas, Richard Armitage, Graham McTavish, James Callis, Alejandra Reynoso, Emily Swallow todos com ótimas performances. Não há muito o que dizer aqui, todos estão funcionando bem, e devido ao roteiro somos presenteados com uma dublagem bem carismática, tanto de McTavish como o amargurado e vingativo Drácula, como de Armitage como um descontraído e relutante Belmont, e há também uma boa performance de Callis, mas revelar seu personagem seria dar um enorme spoiler sobre o anime.

A direção de Castlevania tem problemas apenas em equilibrar os elementos, como dito antes, erros no roteiro e na animação passaram e comprometeram a qualidade da temporada, mas tirando isso ele faz uma abordagem que nos permite mergulhar em um mundo divertido, assustador e violento que promete ser uma das melhores séries da Netflix.

Castlevania tem defeitos na execução, além de funcionar mais como um prólogo do que como o início de uma trama, mas diverte, adapta com cuidado o universo dos games e tem cenas de tirar o fôlego. Agora nos resta esperar os próximos episódios que com o devido tempo passarão por cima desses problemas enfrentados nesses quatro episódios.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
8
Dublagem
8
Direção de Fotografia
7
Direção de Arte
7
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.