“Chocante” traz uma proposta de reviver os anos 80 e 90, época na qual as boybands eram um grande sucesso. O termo em tradução ao pé da letra significa “banda de garotos”, e de fato é disso que se trata, um grupo de garotos costumeiramente jovens que se reúnem para cantar e fazer uma performance de dança. Entre as bandas mais conhecidas nesse formato, temos: Backstreet Boys, N’sync, Westilife, entre outros.

O filme conta a história do grupo “Chocante” que ficou famoso com o hit “Choque de Amor”. Na trama conhecemos Téo (Bruno Mazzeo), Tim (Lucio Mauro Filho), Tony (Bruno Garcia) e Clay (Marcus Majella) que se reencontram e muitas lembranças vem à tona, com isso, surge a ideia de fazer um novo show e para isso vão contar com a ajuda de Quézia (Debora Lamm), o empresário Lessa (Tony Ramos) e Rod (Pedro Neschling), vencedor de um decadente reality show.

Para compor esse quinteto contamos com Bruno Mazzeo, que é um dos grandes nomes da comédia brasileira e que neste papel parece estar bem à vontade dando vida ao personagem de Téo que é um cara que vive preso ao passado. Outro grande nome presente no longa é o Lúcio Mário Filho que é um ator muito competente e aqui ele faz um cara que tem tudo mas, mesmo assim se sente incompleto. Além deles ainda temos, Marcus Majella e seu carisma contagiante que após o programa “Vai que Cola” conseguiu o seu espaço na televisão com um programa próprio chamado “Ferdinando Show”, sendo que “Chocante” é apenas mais um de seus trabalhos no cinema, tendo protagonizado “Um Tio Quase Perfeito” no início desse ano. Bruno Garcia é o mais malandro do grupo e desempenha bem o seu papel, enquanto Pedro Neschling roteiriza, trabalha na equipe técnica do filme e também atua, interpretando um personagem com uma linguagem moderna num universo cheio de “tiozões”.

O roteiro opta por tentar balancear bem os personagens em tela, focando em contar a história de cada um deles durante o primeiro ato, enquanto no segundo escolhe desenvolver e aprofundar a trama. No entanto, no terceiro ato o longa começa a acelerar as coisas, e mesmo optando por um desfecho pouco previsível, ainda acaba comprometido pela história apressada.

O filme se apresenta como comédia, mas também perpassa por alguns temas dramáticos como: reconhecimento do público, frustração profissional e também pessoal. Diferente de muitas comédias brasileiras, aqui temos um longa respeitador que não abusa de situações clichês e traz a proposta de retorno da banda e a explora mantendo humor e uma boa dose de drama.

A direção de fotografia é recheada de cores vibrantes e bem carismáticas, brincando com a nostalgia dos saudosos anos 90, contando ainda com um filtro que lembra a TV da época. Ademais temos muitos closes que valorizam as expressões do elenco, mostrando ter um bom valor de produção. Já na arte percebemos figurinos adequados a cada personagem, desde o Téo até o Clay, assim como o uso de objetos que fazem referência a época da banda.

“Chocante” se difere das comédias brasileiras por abordar um tema que não costuma ser retratado, além disso trabalha bem os seus personagens fazendo com que você se identifique com eles e associe a história com situações atuais. O grande hit “Choque de Amor” vai grudar na sua cabeça e você sairá dos cinemas cantando, com certeza, o filme cumpri com a sua proposta de diversão e ainda consegue emocionar.