Um dos filmes mais esperados do ano “Cinquenta Tons Mais Escuros” chega aos cinemas e os fãs estão muito ansiosos para ver nas telonas as cenas que imaginaram em suas mentes durante a leitura dos livros de E.L James. Este é o segundo filme da franquia que da continuidade a história de amor com Christian Grey (Jamie Dornan) e suas investidas em Anastasia Steele (Dakota Johnson) na tentativa de firmar o romance, porém agora ela vai exigir um novo acordo, no entanto, enquanto eles começam a reconstruir um novo relacionamento, pessoas que fizeram parte do passado de Grey começam a surgir e causar uma certa instabilidade na esperança de que possam ter um futuro juntos.
O trailer apresenta uma proposta de ação e um thriller psicológico, mas, o filme não evoluiu a esse ponto, focando especificamente no romance de Grey e Anastasia e apresentando alguns elementos do passado de Grey que são a Leila (Bella Heathcote), uma garota que foi a submissa de Christian durante três meses e que aparece em forma de fantasma na vida de Anastasia, mas a sua possível subtrama é encerrada brevemente sem grandes detalhes. Muitos também estavam curiosos pelas explicações de Elena na qual inseriu o Grey nesse universo sádico, esperávamos ver mais dessa personagem que só aparece em pequenos diálogos com a Ana tendo uma participação muito rasa. Jack Hyde (Eric Johnson) que fica no meio do casal, é o chefe de Ana que se apaixona por ela, fazendo uma participação relevante e suas tentativas devem continuar no último filme que concede um desfecho entre Christian Grey e Anastasia. Os personagens Elliot (Luke Grimes), o irmão de Grey, Katherine (Eloise Mumford) namorada do Elliot, a amiga da Ana e o José (Victor Rasuk) tem pequenas aparições sem grande destaque.
Ao longo da produção podemos perceber dentro de sua fotografia que apesar de manter suas cores de tom de suspense erótico dos anos 90, que por sinal se adéqua muito bem a proposta, ao elaborar ângulos e movimentos de câmera que tentam dar ritmo, acabam errando feio e perdendo sincronia com a narrativa.
Em sua arte vemos poucos detalhes a serem enaltecidos, com um visual típico de figurinos que representam a classe alta e baixa, e a personalidade de seus personagens, falta aqui certo requinte, pois temos a impressão de estar no piloto automático de todos os profissionais, a única parte que se sobressai um pouco são os luxuosos cenários do universo de Christian Grey.
Cinquenta Tons é uma franquia com potencial de trabalhar os motivos das atitudes de Grey, tendo a sua infância e o abuso que sofreu como recursos que o filme poderia se apropriar e não o faz, perdendo a chance de se aprofundar no passado sombrio do personagem, além de criar subtramas mais envolventes e com menos soluções rápidas. Ao invés disso, o desfecho por exemplo, possuía vários caminhos a seguir, mas ele não constrói um conflito sólido e não transparece a emoção dos filmes dos anos 90. Muitas pessoas acreditam que o personagem de Christian é machista, mas penso que o Grey sofra de algum transtorno de querer ter posse das coisas, pois desde o primeiro longa ele esbanja o poder de conseguir comprar tudo o que quer, chegando a incomoda.
Sobre as tão esperadas cenas de sexo, podemos dizer que são o suficiente e bem ensaiadas sem apresentarem uma exibição explícita, sendo convincentes, ainda que seja perceptível que cada movimento é bastante premeditado pelos atores envolvidos.
Conclui-se que Cinquenta Tons Mais Escuros tinha várias possibilidades para explanar, mas preferiu optar pelo roteiro que agrade as massas e pela forma mais preguiçosa de se fazer cinema. Acredito no talento do James Dornan e da Dakota Johnson, ambos podem seguir em trabalhos promissores durante suas carreiras e mesmo com grandes ressalvas em relação a essa produção espero que o próximo filme conclua a franquia com mais satisfação e compense os erros dos anteriores.