Crítica: Clinical – Netflix

Abrindo alas como a primeira obra original da Netflix do ano, “Clinical”, é um terror que estabelece sua história em torno de uma psicóloga que após um trauma que vivenciou com um paciente passa a questionar a sua própria sanidade influenciando até na sua vida profissional. Após tentar superar o trauma com a ajuda de um psiquiatra, ela começa a retomar a sua rotina e perceber que se sente útil exercendo a sua profissão focando em pacientes que sofrem de pós-trauma, a sua especialidade.

Tudo parece caminhar bem durante os primeiros 20 minutos em que somos apresentados aos personagens, ficamos intrigados com a história e por um segundo compramos a ideia do filme, apesar de, ficar um pouco incomodada com os enquadramentos e a fotografia. O maior problema é que no decorrer de sua exibição o longa perde o ritmo completamente se tornando cansativo e desinteressante.

Clinical possui recursos para fluir, mas, o direcionamento do roteiro faz uma desorganizada obra desperdiçando o talento de um elenco que tem poucos personagens, tendo como a principal Drª. Jane Marthis (Vanessa Shaw) que já trabalhou em outras obras inclusive de terror como “Viagem Maldita” (2006), “Siren” (2013) e tem até uma carreira consolidada no âmbito cinematográfico, a doutora, trabalha com vários pacientes e os mais relevantes para a história são a garota (India Eisley) desequilibrada, o único item de terror, que assusta se utilizando de gore e o Alex (Kevin Rahm) personagem muito mal desenvolvido que também reflete um péssimo trabalho dos maquiadores. Você já viu uma cicatriz se modificar? Aqui você vai ver essa “proeza” que é um descuido sem tamanho num filme de terror que deveria dar a devida atenção, pois essa marca no rosto do personagem faz parte de seus antecedentes e não houve cautela durante a produção.

A direção de Fotografia é um tanto problemática, pois não possui nenhum charme em questões de ângulos, luz e uso de cores. Ela começa aceitável, mas conforme o filme decorre os problemas surgem cada vez mais em sequências desconexas entre enquadramentos e luzes exageradas, além de uma falta de coesão entre os visuais propostos durante algumas cenas e ao longo da película.

A direção de arte da produção falta muito além de técnica, o filme peca por não ter um tom muito definido para o que quer mostrar, com cenários apáticos que não conseguem transmitir a intensidade dramática e psicológica necessária e que nada acrescentam a experiência do longa por vezes investindo muito no branco e outra hora no preto.

É uma pena que este filme não passou de um desperdício de tempo e mais uma vez, a Netflix tenha deixado a desejar em suas produções originais de filmes de terror, lembrando que “O Último Capítulo” (2016) foi um fiasco em todos os sentidos, infelizmente, Clinical se perdeu da mesma forma, o que se mantém é a minha esperança de ainda ter um bom filme de terror produzido pela Netflix.