Enfim chegou o momento de conhecermos o novo super-herói de Marvel Stephen Strange no filme Doutor Estranho, que desde seu anúncio tem gerado grande expectativa, e trouxe muitas dúvidas durante sua produção, apesar de ter tido também uma das melhores escalações de elenco desde guardiões da galáxia.
No filme, o neurocirurgião Stephen Strange após sofrer um terrível acidente ele perde a habilidade com as mãos. Como a medicina não pode ajudá-lo, ele recorre aos ensinamentos místicos em Kamar-Taj, onde aprende como executar feitiços e viajar por dimensões paralelas.
Trazendo uma fotografia que intercala o sombrio e cru visual do mundo de Strange antes do acidente, e visual lisérgico e colorido do mundo que ele conhece durante seu treinamento, o filme se caracteriza muito por essa mistura de tons, e isso é bem exposto em sua direção de fotografia, que ainda traz planos e movimentos alucinantes pelas diferentes dimensões e sequências de ação que conseguem nos empolgar com muita criatividade sem nos deixa com enjoo ou dor de cabeça, por mais inusitados que sejam os planos do longa.
Assim como, “Guardiões da Galáxia” e “Homem-Formiga”, Doutor Estranho faz parte de uma nova era de filmes de heróis Marvel com um toque diferenciado. O filme consegue se manter ali no limite entre o autoral e o comum do estúdio, ousando onde é necessário, mas ainda demonstrando clássicos elementos do universo Marvel.
O diretor Scott Dericksson, mistura truques de terror em um filme de aventura e fantasia sobre dimensões e magia, com algumas questões profundas sobre mortalidade recheadas com bom humor, e tudo funciona muito bem.
Com um roteiro de história de origem com ecos de “Homem de Ferro”, vemos aqui uma trama empenhada em desenvolver a personalidade de Stephen Strange, e em expor e desenvolver o mundo místico do universo do herói que será incorporado nas próximas produções Marvel, com diferentes nuances de humor, aventura e uma certa carga dramática.
Na trama podemos ver um bom desenvolvimento de personagens, que desliza apenas na falta de um desenvolvimento maior de Rachel McAdams, além de se tornar um pouco apressado ao mostrar as motivações de seu vilão, cometendo alguns pequenos erros um pouco antes de seu terceiro ato, no entanto, a conclusão é extremamente corajosa, satisfatória e ousada se comparada ao clímax de outros filmes da editora de quadrinhos.
O filme capricha muito bem em sua arte dialogando muito com sua fotografia, com uma explosão de cores e belo design inspirado na cultura oriental e nos clássicos quadrinhos do personagem dos anos 60.
A mixagem de som e a trilha estão espetaculares, em especial sua trilha feita por Michael Giachinno com batidas orientais e fantasiosas misturadas a outras canções que se assemelham a rock progressivo clássico, uma criativa forma de dialogar com a época dos quadrinhos originais.
O conceito visual e sua direção só são superados pelo elenco do filme, que esbanjam carisma em incríveis atuações tanto dramáticas quanto cômicas, nos fazendo torcer e gostar do cínico e arrogante medico cirurgião humano e dotado de diversas falhas de caráter. Grande destaque aqui para Benedict Cumberbatch e Tilda Swinton.
Cumberbatch mostra que nasceu para encarnar Stephen Strange, impressionando a cada cena, seja no humor, ação ou drama, e nos mostra uma das melhores atuações desde Downey Jr. em Homem de ferro e Paul Rudd em Homem Formiga. Tilda Swinton atua em pé de igualdade com sua Anciã trazendo uma icônica personagem dentro da trama e que possui uma relação de contraste com Benedict muito bem executada.
Benedict Wong, arranca muitas risadas como Wong, Chiwetel Ejiofor mostra profundidade com Karl Mordo que será mais explorado em um próximo filme, e Mads Mikkelsen traz uma ameaça com motivações compreensíveis ao interpretar Kaecilius, apesar de ser prejudicado pelo roteiro, já Rachel McAdams, também possui uma boa interpretação como Christine Palmer trazendo ótima química com Stephen, mas infelizmente é prejudicada por erros no script.
Doutor Estranho termina o filme cumprindo suas expectativas, cheio de fidelidade, um pouco de ousadia, divertindo e ainda trazendo um pouco do tom da nova geração de heróis da Marvel, além de expandir a mitologia do universo Marvel.
Obs: O filme possui duas cenas pós créditos, a primeira é impagável, mas já a segunda deixa um pouco a desejar, pois mostra algo muito óbvio, mas de certa forma relevante a essa nova e promissora franquia.