Na produção que adapta o best-seller nacional “Eu Fico Loko” de Christian Figueiredo, nós conhecemos o passado do famoso “youtuber” antes de seus vídeos de enorme sucesso na internet.
Existiu uma certa polêmica e medo em relação à filmes sobre youtubers ou estrelado por eles, mas o caso não se aplica aqui pois o diretor Bruno Garotti nos entrega uma obra sobre jovens inspirada em “Confissões de Adolescente” (2013) e “Curtindo a Vida Adoidado” (1986), nos trazendo um panorama sobre o jovem dos dias de hoje, seu amadurecimento e lições que aprendem enquanto sobrevivem à puberdade e à escola.
A história do filme gira em torno de Christian Figueiredo (Christian Figueiredo/Felipe Bragança), um garoto que cresce como um típico “loser” que passa seus dias ao lado do amigo Yan (José Victor Pires) sobrevivendo aos perigos da adolescência e da escola. Enquanto o garoto foge de um ou outro problema ele busca formas de conquistar a garota de seus sonhos, Alice (Isabella Moreira). Entretanto os acasos da vida acabam fazendo com que ele inicie um relacionamento com a rebelde Gabriela (Giovanna Grigio).
Aqui vemos um roteiro comum, equilibrado e simples, mas muito bem adequado as propostas do filme, conseguindo trabalhar os dramas e o humor de sua vida, existe tempo para refletir e também há tempo para rir em uma história prazerosa onde aos poucos vemos Christian crescer, amadurecer e descobrir suas paixões na vida.
Além do roteiro o elenco é um dos destaques dessa produção, aqui conferimos pouquíssimos momentos do próprio Figueiredo atuando, apenas em cenas do seu futuro e em outros momentos quebrando a quarta parede e falando com o público agradando diversos fãs, mas é no elenco jovem que o filme é forte, onde os maiores destaques estão em Felipe Bragança e Giovanna Grigio. Bragança brilha com carisma, humor e drama, é impossível não nos afeiçoarmos ou torcermos pelo sonhador garoto, já Grigio faz aqui uma garota independente, rebelde e desajustada que tem um contraste e química muito boa com Felipe, trazendo algumas das melhores sequências do filme. O elenco de apoio possui pequenas participações de grandes nomes ao longo da história, com Alessandra Negrini como sua mãe e Marcelo Airoldi como seu pai, mas quem rouba a cena é o comediante Ceará e Suely Franco. Ceará atua como o pai de Gabriella em cenas hilárias enquanto Suely tem uma química muito boa com Figueiredo, trazendo boa parte do humor do filme, e desempenhando um papel significativo no arco de Christian.
A direção de arte e figurino nesse filme são mais pensadas em diferenciar o visual e estilo dos personagens, adequando roupas à suas personalidades, seja nas vestes rebeldes de Gabriela, ou no visual atrapalhado do protagonista, e assim consegue complementar bem sua fotografia. Já a sua direção de fotografia é bem básica com um visual colorido de blockbuster, e poucos ângulos e tomadas diferentes, sem muito a acrescentar ao longa além de dialogar com a arte.
O maior acerto com toda certeza está na direção, Bruno Garotti tem uma visão criativa inspirada em filmes de jovens dos anos 80, com referências à “Curtindo A Vida Adoidado” e “Ghost”, e ele sabe como direcionar seu elenco e como dar o toque certo de comédia e um certo drama existentes na trama. Bruno é um diretor novato que com certeza ainda crescerá muito no mercado após esse filme.
Outro charme dentro do longa é sua trilha que está muito bem montada e contém até uma música composta para o filme chamada “Hear Me Now” da banda Alok, que está em primeiro lugar no Spotify.
Com uma boa produção, muito sentimento e carisma “Eu Fico Loko” se consolida como um filme de jovens que com certeza irá fazer muitos adolescentes e adultos pensarem e rirem ao longo da exibição.