Intensa e conturbada são as palavras mais adequadas para classificar a vida da ex-patinadora americana Tonya Harding. Mais difícil do que os desafios profissionais enfrentados por ela nas pistas de patinação no gelo, foram seus relacionamentos com a mãe LaVona Golden e o ex-marido Jeff Gillooly, como fica evidente no filme Eu, Tonya, drama baseado na vida da atleta, dirigido por Craig Gillespie.
Desde muito cedo a habilidade de Tonya como patinadora foi explorada pela mãe, que mantinha uma postura extremamente rígida com a filha. O relacionamento das duas nunca foi pacífico, LaVona foi uma mãe violenta e rude, e a interpretação da atriz Allison Janney nesse papel é tão brilhante que lhe rendeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
Margot Robbie, que interpreta Tonya, também foi indicada ao Oscar, concorrendo na categoria de Melhor Atriz. Margot entrega realmente uma atuação impecável, derrubando todas as críticas que a classificavam como bonita demais para fazer o papel da atleta, que era considerada fora dos padrões de beleza das patinadoras na época.
Todo o elenco de um modo geral se saiu muito bem. Sebastian Stan não decepciona na interpretação do ex-marido de Tonya, Jeff Gillooly. Paul Walter Hauser impressiona no papel de Shawn Eckardt, amigo de Jeff e responsável por contratar dois homens para quebrar o joelho de Nancy Kerrigan, a principal concorrente de Tonya.
Eu, Tonya recebeu uma terceira indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Montagem. O filme realmente tem uma estrutura incomum, há várias cenas de entrevistas com os personagens, na intenção de se aproximar ao formato de um documentário e também há momentos em que eles falam direto para a câmera, interagindo com o público.
A fotografia e caracterização também se destacam no longa, tudo está cuidadosamente idêntico se compararmos com fotos e vídeos dos acontecimentos reais. Inclusive, as cenas e figurinos das apresentações de Tonya foram fielmente reproduzidas, graças ao trabalho em conjunto da produção e atores.
Talvez o filme não seja o favorito nas categorias em que foi indicado ao Oscar, mas de qualquer maneira é impossível negar a qualidade acima da média que a obra consegue entregar. Ele choca, emociona e diverte ao inserir elementos de sátira na dramática e cruel vida de Tonya Harding.