A primeira vez que ouvi falar que The Walking Dead teria um spin off eu tive minhas duvidas se ele seria mesmo necessário, ideia de ter uma origem e ela ser contada através de uma outra série me assustava um pouco, Feaar The Walking Dead não traz a origem, mas sim mostra como a sociedade reage em meio a seu declínio.
A narrativa tem um ritmo ótimo que funciona muito bem com o roteiro que ficou a cargo de Robert Kirkman (criador de The Walking Dead) e Dave Erickson, (Sons Of Anarchy), os dois juntos conseguiram atrelar a trama familiar com um inicio de apocalipse zumbi, a narrativa lenta também é vista na série original, mas em Fear tudo acontece de um modo que acaba não cansando o telespectador.
O discurso da série tenta se manter atual, muitas vezes fazendo com que os personagens reajam da mesma maneira como você agiria na mesma situação, como por exemplo, logo no inicio da série todos se deparam com um vídeo de um homem sendo atingido por vários tiros e não morrendo, a população encara o vídeo como apenas um viral da internet, ou um vídeo “fake”, essa reação é comum nos dias de hoje, sempre quando vemos alguém fazendo algo estranho na internet temos o costume de dizer que é falso.
Outro momento é quando policiais atiram em um mendigo, a população vai as ruas protestar, o roteiro se mostra sagaz nesses momentos, exatamente porque o EUA vive a mesma situação, não raramente vemos protestos por abusos de autoridade.
A série consegue criar um ambiente tenso, mas em muitos momentos parece não conseguir passar disso, alguns personagens são mal desenvolvidos e acabam não acrescentando a trama já que a série somente nos mostra o universo dos personagens principais.
A série não busca apresentar elementos gore, nem ao menos apresentar terror, mas sim muito drama e tensão.
Temos também algumas pontas soltas e não exploradas, que dão a entender que também não serão exploradas na segunda temporada, como a personagem Alicia fazendo cortes em seu braço ou o que aconteceu com ela logo depois que Cris desmaiou no ultimo episódio, se explorado será obviamente um ponto positivo para a série, mas veremos isso somente na segunda temporada que estreia em 2016.
Elementos positivos foram apresentados ao final da temporada como o personagem Strand, ele é bem trabalhado chegando a ter mais profundidade que outros personagens tidos como principais. Daniel Salazar também teve bastante foco.
O ultimo episódio se chama The good man e faz um paralelo interessante entre os personagens Rick ( de The Walking Dead) e Travis de Fear, pois ambos tem características parecidas, os dois são vistos como homens bons e incapazes de fazer algo violento ou injusto, mas porém se mostram sombrios quando necessário, essa não é a única analogia que fear traz, nos primeiros episódios vemos o viciado nick andar pelas ruas exatamente como um zumbi faria, mas ele está apenas em busca de mais um pouco de drogas, assim como os viciados em crack fazem em nossas ruas.
Fear The Walking Dead vale sim ser assistida, ela nos insere em um sociedade caótica perante o apocalipse zumbi, mostrando como a população reagiria nos primeiros dias de infecção, coisa que não vemos no universo The Walking Dead.