O primeiro filme de “Frozen” foi um grande fenômeno de público e crítica em 2013 e fez o público prestar atenção novamente na Disney, agora com um novo design de animação e com músicas tão impactantes como eram na década de 90, o estúdio recuperou seu espaço e importância na Indústria o que levou a entregar futuramente outras produções ótimas como “Zootopia” e “Moana”.

Agora em 2020 chegou a aguardada continuação que prometia explorar mais da própria mitologia da animação, mostrando os poderes de Elsa e aprofundando ainda mais o universo e seus carismáticos e emocionantes personagens em uma nova aventura. Mas ainda assim, o resultado por mais empolgante e divertido que possa ter sido, é perceptível a ausência do mesmo cuidado e desenvolvimento encontrado no filme original, ainda que nessa sequência existam elementos e conceitos mais curiosos do que do primeiro de 2013.

Na trama, acompanhamos Elsa em dúvida a respeito de seus poderes mágicos e agora com uma nova ameaça ao Reino, ela embarcará em uma perigosa, mas inesquecível aventura  ao lado de Anna, Kristoff, Olaf e Sven. Em Frozen, Elsa temia que os seus poderes eram muito para o mundo lidar. Em Frozen 2, ela deve torcer para que eles sejam o suficiente.

Crítica: Frozen 2

A premissa do roteiro de Allison Schroeder é revigorante e leva o público a mergulhar ainda mais no que esse mundo oferece,  mas consegue fazer isso enquanto estabelece arcos dramáticos profundos tanto para Elsa quanto para Anna, ambas precisam descobrir muito por si própria e isso irá trazer mudanças e um certo atrito na relação entre elas, porém o texto ainda tem tempo para fundamentar a magia do mundo e desvendar segredos obscuros sobre o passado de seus pais, mas sem perder o foco de aventura, humor e drama que fizeram o original, um clássico.

O grande problema é que no roteiro parece faltar algum tipo de revisão, pois são diversos segmentos e ideias muito mais interessantes, acompanhadas por músicas ainda mais divertidas e tocantes, mas falta um desenvolvimento mais apurado como era visto no longa anterior, tudo isso provoca no filme uma sensação agradável e até empolgante, mas perde-se boa parte do grande impacto que a história dessas irmãs havia trazido para crianças e adultos nos cinemas.

Essa falta de cuidado e tais erros são ainda mais evidentes no terceiro ato da trama, onde são usados soluções rápidas e exaustivos diálogos expositivos para afirmar as finalizações temáticas da produção que não haviam sido bem conduzidas no decorrer do próprio filme.

No elenco dessa vez tivemos adições de Sterling K. Brown e Evan Rachel Wood que dão bons toques para determinados arcos do filme, ainda que não sejam tão bem usados, o destaque maior com certeza está para Idina Menzel como Elsa e ainda mais para a Anna de Kristen Bell. Ela ganha nessa continuação uma importância ainda maior de suas ações e se distanciando da sombra da irmã, claro que muito bem evidenciado através de músicas lindas que exploram as personagens e seus sentimentos.

Crítica: Frozen 2

Josh Gad e Jonathan Groff se concentram mais em serem alívios cômicos com as músicas mais engraçadas do filme que ajudam o público a respirar entre o drama e o clima intenso da história.

O visual, no entanto, se mostra um dos maiores acertos nessa produção, equilibrando ambientes sombrios, florestas cheias de sépia e o azul já característico da franquia, enquanto ainda deixa os ambientes ainda mais realistas e dá expressões fortes para cada um dos personagens independentes de se estar focado no drama ou comédia.

Agora se existe algo que sabe contornar muito bem as falhas do roteiro e não permite que o filme deslize muito é a direção segura e muito inspirada de Chris Buck e Jennifer Lee. A dupla sabe como extrair emoção, humor e ação nos momentos certos e junto da alta tecnologia visual da animação da Disney, eles conduzem muito bem as sequências musicais a exploração de terras distantes dotadas de cenários novos e incrivelmente criativos e deslumbrantes, proporcionando um mergulho de cabeça para dentro desse universo mágico e épico.

“Frozen 2” é um filme que apesar de falhas em seu desenvolvimento e de não conseguir superar o incrível impacto emocional do filme de 2013, ainda traz grandes acertos com as músicas, conceitos sobre mitologia e a forma como passa a enxergar a amizade das irmãs ao preferir que eles encontrar a força nelas mesmas e não apenas naqueles ao seu redor, algo que fortalece as suas próprias relações e nos entrega uma aventura divertida e empolgante que poderá nos emocionar ao longo da história. Contudo, por não possuir o mesmo peso e cuidado do filme original esse não deve se tornar um fenômeno cultural tão forte como foi anteriormente, o que é uma pena.

Trailer:

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
10
Atuações
9
Direção de Arte
10
Direção de Fotografia
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.