“Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” é a nova produção de terror de Guillermo Del Toro e que traz o diretor André Øvredal, do incrível A Autópsia, um dos melhores filmes do gênero dos últimos anos, agora juntos em uma parceria entre Ovredal e Del Toro eles adaptam os livros de Alvin Schwartz nos contando uma história jovial, gótica e que é capaz de assombrar seu público e diverti-lo na medida certa enquanto resgata diversos sentimentos de produções como Goosebumps e Clube do Terror com personagens autênticos e carismáticos.
A trama fala sobre a pequena cidade de Mill Valley, que há anos vive nas sobras dos mistérios que cercam a mansão da família Bellows. Foi no porão desta casa que uma jovem cheia de segredos escreveu um livro com histórias assustadoras.
No final dos anos 1960, quando Stella (Zoe Colletti) e seus amigos encontram o livro, as histórias começam a se tornar reais, envolvendo cada um deles com esse passado sombrio.
A história é muito bem definida e flui muito bem dando um foco maior para a ótica tanto de Stella como também de Rámon, mas ainda há presenças marcantes dos demais personagens do filme, o primeiro ato se fecha em revelar o ambiente e seus personagens e nos demais se desenrola um luta contra o tempo para resolver o mistério e sobreviverem a todo custo, além disso há ainda tempo para subtramas envolvendo xenofobia e o crescente atrito entre imigrantes e os americanos.
O roteiro tem também o foco em seus elementos corretos, pois ainda sabe como se utilizar de sua própria natureza episódica dentro de um contexto maior do desenvolvimento de Stella e Rámon fazendo a trama prosseguir nos revelando cada vez mais cenários e monstros que nos apavoram muito mais pelo psicológico do que por algum típico excesso de violência em filmes do gênero de terror.
Claro que a simplicidade e dinâmica da produção não teriam funcionado se não fosse a direção de fotografia e a direção de arte que buscam nos aproximar da realidade sessentista do terror e contextualizar com a época.
Enquanto isso são desenvolvidos os acontecimentos através de um ambiente tenebroso que sabe como mexer com as percepções do público com takes longos e minuciosos alternando com planos-detalhe que nos fazem mergulhar cada vez mais no filme, e claro, precisamos falar sobre os “Monstros”.
Como essa é uma produção de Guillermo Del Toro existe uma particularidade de se esperar um certo cuidado em suas criações, felizmente “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” soube atendes as expectativas com ótima mistura de efeitos práticos e digitais que criam diversas criaturas medonhas e aterrorizantes.
O elenco é extremamente competente e formado por nomes como Dean Norris, Michael Garza, Austin Zajur, Gabriel Rush, Natalie Ganzhorn, Austin Abrams, Natalie Ganzhorn, Zoe Coletti.
Coletti e Garza são o grande destaque aqui, a jovem atriz interpreta Stella Nicholls, uma garota que carrega consigo alguns problemas pessoais e uma certa dificuldade em socializar, ao mesmo tempo que ainda demonstrar um olhar minucioso e criativo sobre o mistério que os assombra.
Contudo, Michael Garza encarna Rámon Morales, um garoto um tanto retraído, simpático e misterioso que possui um arco bem interessante dentro da história relacionado à ódio contra latinos e um certo conservadorismo de movimentos políticos durante a ascensão de Nixon nas eleições.
O filme também possui outros personagens marcantes e bem atuados como Dean Norris que faz o pai de Stella e o carismático e engraçado Austin Zajur como Chuck que frequentemente funciona tanto como o olhar do público e um alívio cômico substancial e que contribui para a narrativa.
André Øvredal é com certeza um dos diretores mais habilidosos e autênticos no gênero de terror e nesse longa-metragem o cineasta demonstrou mais uma vez suas técnicas em desenvolver narrativas e controlar o público, Øvredal nos guia através dos personagens e intercala muito bem humor, drama e terror na medida certa.
“Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” é um filme simplório e com uma classificação indicativa mais leve do que se espera em filmes de terror, mas ele surpreende com a maestria que é levada sua trama e seus personagens, pois sabe aterrorizar, divertir e até mesmo emocionar em certos momentos.
Uma produção que consolida ainda mais a carreira de André Øvredal e Guillermo Del Toro que souberam brincar com elementos políticos dos anos 60 e nostálgico do terror, mas entregam uma obra autentica que fará o público pedir por sua continuação o mais rápido possível.