“Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros”, lançado em (1993), é uma das grandes obras de Steven Spielberg. Devido ao sucesso, o longa chegou a ganhar mais duas sequências, uma delas estreladas por Julianne Moore, mas nenhuma foi bem sucedida. Em 2015, “Jurassic World” chegou com a difícil missão de agradar os inúmeros fãs do clássico e ainda servir como referência para a nova geração. Felizmente, mesmo não tendo o mesmo impacto do original, o longa acabou muito bem sucedido e rendeu uma continuação.
“Jurassic World: Reino Ameaçado” carrega uma responsabilidade menor que o filme anterior, afinal nenhuma das sequências dessa franquia vingaram. No entanto, após 4 filmes, era necessário mais ousadia para tornar esse longa justificável e não apenas mais uma repetição do que já havia sido feito.
Na história, após a catástrofe que fechou o parque dos dinossauros no filme de 2015, os animais permaneceram isolados na ilha, vivendo em paz e sem a intervenções humanas. Contudo, uma ameaça vulcânica aponta para a destruição do local e de todas as formas de vida que habitam a região. Para impedir a extinção dessas criaturas pela segunda vez, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) reúne uma equipe de pesquisadores, que inclui seu antigo colega de trabalho, Owen (Chris Pratt), no intuito de resgatar algumas espécies para darem continuação à suas respectivas linhagens.
O roteiro em si aposta em uma mensagem que já foi exaustivamente comentada na franquia e ainda tem uma trama que parece se aproveitar de reviravoltas já utilizadas anteriormente e que novamente nos levam ao infinito looping de nostalgia que, em certos momentos até agrada, mas em outros deixam evidente a falta de criatividade dos roteiristas.
Apesar disso, a direção do genial J.A. Bayona, consegue passar por cima de qualquer clichê do texto e levar essa narrativa para um outro nível. O diretor que já provou seu talento em “O Orfanato” (2007) e “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” (2016), faz aqui algo que ninguém além do próprio Spielberg conseguiu fazer até agora. Apesar de manter o enredo aventuresco clássico da franquia, Bayona agrega uma forte carga dramática e toques de horror que tornam o filme um deleite para os fãs dessas criaturas.
Com exceção do início extremamente enrolado e algumas sequências que acontecem em um navio e são bastante cansativas, todo o restante do filme é bem apresentado graças à direção precisa de Bayona. As cenas de ação são de tirar o fôlego, os jump scares funcionam e rendem bons sustos, e os momentos dramáticos são realmente emocionantes. Mais uma vez o diretor espanhol comprovou que é um dos melhores de sua geração.
Chris Pratt segue sendo outro ponto chave do filme, o ator é carismático e seu trabalho consegue se desvincular de outros personagens anteriores, portanto é fácil se afeiçoar por ele e torcer pelo seu sucesso na missão para salvar os dinossauros. Bryce Dallas Howard é igualmente talentosa e a sua presença nesse filme é mais bem trabalhada que no anterior, aqui ela ganha destaque e autonomia, além de ter uma química excelente com Pratt, o que já não é mais novidade.
Os coadjuvantes são todos mal aproveitados e em muitos momentos acabam esquecidos sem explicação. Em especial, o “vilão” termina sendo o personagem mais problemático do longa, afinal não há qualquer resquício de desenvolvimento e as suas atitudes criminosas vão muito além de usar os dinossauros para ganhar dinheiro, porém não há nada no roteiro que sustente e justifique tais atitudes.
A direção de fotografia é bastante ousada e consegue apresentar uma linguagem funcional tanto nas sequências de ação, como nos momentos mais sombrios que beiram ao terror. Alinhando esse fator com os belos efeitos visuais, temos aqui uma atmosfera tensa e digna do que nos foi apresentado em 1993.
“Jurassic World: Reino Ameaçado” sofre devido ao seu roteiro enrolado, e que, por muitos momentos não sabe para onde ir. No entanto, a direção do genial J.A. Bayona e o elenco extremamente carismático, fazem dessa aventura merecedora de carregar o peso do marcante filme de Steven Spielberg.