Crítica: Linha Tênue

Um jovem paramédico (Aleksandr Yatsenko), talentoso e dedicado, está enfrentando problemas em seu casamento. Sua esposa (Irina Gorbacheva) está farta dele se importar mais com os pacientes do que com ela, e pede o divórcio. Ao mesmo tempo em que luta para arranjar tempo para a esposa, ele começa a ficar cada vez mais obcecado por sua missão de salvar vidas. Até que o novo chefe do hospital implementa novas regras rígidas que atrapalham o trabalho do paramédico. Presos entre ligações de emergência, a busca por um sentido para a vida, e crises pessoais e profissionais, o casal precisa encontrar a força que os mantém unidos.

O longa acumula 28 prêmios, entre os quais: Asia Pacific Screen Awards: Vencedor do Grande Prêmio do Júri (Aleksandr Yatsenko), Chicago International Film Festival: Melhor Ator (Aleksandr Yatsenko), Haifa International Film Festival: Melhor Filme Internacional, Shanghai International Film Festival: Boris Khlebnikov e Trieste Film Festival: Melhor Filme.

A história é um recorte da vida de Oleg (Yatsenko) e Katya (Gorbacheva) durante o seu cotidiano de trabalho e convivência, claramente ambos estão desgastados, pois eles se dedicam extremamente ao seu trabalho que exige tanto fisicamente e psicologicamente do casal, eles acabam se ausentando da própria relação, embora cultivem um sentimento um pelo outro.

Acompanhamos com mais afinco a rotina de Oleg que expõe a degradação moral do trabalhador perante as prestadoras de serviço, a falta de recursos, as regras não funcionais, o excesso de trabalho resultando em um desgaste na sua relação e o uso excessivo do álcool que deve adormecer um pouco as dores durante o seu efeito, em alguns momentos ele pode parecer rude, mas ele se importa com cada paciente que atende.

Katya, no entanto, é deixada de lado, e ela não consegue ser ouvida e nem compreendida, embora tenha que lidar com medida trabalhista rígidas por trabalharem no mesmo local, isso é pouco explorado, a sua rotina de trabalho com mais afinco para que haja um comparativo com a do seu marido, eles não conseguem se conectar e todos os momentos que eles tentam discutir sobre a relação, há uma trégua por parte dos dois que querem fazer acontecer, mas as atitudes não correspondem com as palavras.

Embora, a sua rotinha seja exaustiva não parece convivente o amor que ele diz ter por Katya não se sustenta, sendo ela a sua suporte emocional e sexual. Além de ficar claro, o seu complexo de inferioridade em relação a ela e o fato de ficar chateado com a decisão que ela tem sobre o seu próprio corpo. A questão aqui é que essa relação parece não ser boa para os dois, pois eles não parecem felizes juntos, e a rotina de trabalho pode influenciar no comportamento, mas não deve ser justificativa para as suas ações.

Boris Khlebnikov, diretor, deveria ter convergido a sua história para ter um material mais dinâmico. Porém, as escolhas de falar sobre a precariedade do sistema de saúde russo e a relação amorosa entre Oleg e Katya são apresentados e poucos devolvidas apesar de um bom argumento narrativo para trabalhar, Linha Tenuê opta por se ofuscar.