O meu primeiro contato com “Máquinas Mortais” foi com os primeiros 24 minutos que me fizeram criar grandes expectativas em torno do filme por seu visual pós apocalíptico e estilo steampunk. A história parecia ser no mínimo interessante durante a exibição na CCXP18. Durante o evento, a apresentação do longa foi interrompida na cena em que o casal protagonista Hester Shaw (Hera Hilmar) e Tom Natsworthy (Robert Sheehan) caem no buraco, nos deixando muito curiosos para saber o que acontece, mas preciso lhes dizer que não é apenas a queda deles, é a nossa também, pois no decorrer do filme vão massacrando todas as expetativas de um bom filme.
A trama é situada muitos anos após a chamada “Guerra dos 60 Minutos”, na qual as cidades foram modificadas completamente em suas estruturas e não ficam mais fixas no solo. Instaladas em máquinas gigantescas com mecanismos complexos, as metrópoles se movimentam de um lado para o outro num planeta devastado. Cidades gigantescas em movimento agora vagam pela Terra, impiedosamente atacando cidades de tração menores. Tom Natsworthy (Robert Sheehan) — que vem de uma camada inferior da grande cidade de Londres — encontra-se lutando por sua própria sobrevivência depois que ele conhece a perigosa fugitiva Hester Shaw (Hera Hilmar). Dois opostos cujos caminhos nunca deveriam ter se cruzado forjam uma aliança improvável destinada a mudar o curso a humanidade.
Tendo essa premissa em mente, nós esperamos uma grande história e uma franquia com um enorme potencial como “Jogos Vorazes” (2012) que tem um mensagem relevante e ótimas atuações. Porém, aqui a temática foi muito discutida, mas o plus que deveria ser o visual dessas cidades móveis não é explorado e o espectador não consegue entender muito bem como essa civilização funciona, quantas metrópoles existem, quais são as mais privilegiadas… Tudo é visualmente bonito e interessante mas sem uma boa trama para sustentar esse universo.
A protagonista é Hester Shaw (Hera Hilmarsdóttir) e o que a torna diferente é sua cicatriz no rosto, quebrando o paradigma da beleza e perfeição, mas graças ao roteiro raso não podemos conhecer muito sobre ela, além disso, no quesito atuação ela acaba sendo limitada pelo material fraco. Tom Natsworthy (Robbie Sheehan) tem um certo carisma, mas tudo fica perdido na ausência de uma boa história, pois o personagem não tem muito o que fazer além de servir de suporte para Hester. O vilão Thaddeus Valentine (Hugo Weaving) é super caricato, assim como Jikae Kim (Anna Fang) que é mal desenvolvida e Sthephen Lang (Shirke) que é ofuscado pela narrativa.
O filme tem um visual deslumbrante e que equilibra cores como vermelho e azul alternando entre ambientes escuros e ensolarados que fazem o público mergulhar em seu universo com seu incrível design de produção que deve emocionar os fãs do gênero steampunk. É um tremendo potencial desperdiçado em um roteiro fraco.
“Máquinas Mortais” poderia ter contextualizado com um arco político interessante, ter desenvolvido melhor seus personagens e ter se tornando algo realmente que pudesse não ser esquecido pelo público, mas facilmente será.