Mais um! Mais um! Sim meus amigos, temos mais um filme sobre futuro distópico que envolve crianças/adolescentes tentando salvar o mundo. “Mentes Sombrias” é baseado na trilogia da escritora Alexandra Bracken e conta com pitadas de X-men e muitas referências de outros filmes que vou descrever ao longo da crítica.

A trama é ambientada em um mundo pós-apocalíptico que foi tomado por uma pandemia que matou a maioria das crianças e jovens da América e os que sobraram possuem poderes especiais. Diante desse cenário acompanhamos a jornada de Ruby (Amandla Stenberg), uma garota que assim como muitas outras sobreviveu à doença e precisa se esconder do governo devido ao seu poder misterioso, caso contrário ela será enviada para campos de custódia, onde os jovens são separados por cores; os verdes, que se destacam por sua inteligência; os azul, que podem mover pessoas e objetos; os amarelos, que dominam a eletricidade; os laranjas, que podem controlar a sua mente; e os vermelhos que possuem um poder de fogo que quase não é desenvolvido. A única coisa que sabemos é que essas últimas duas cores são consideradas as mais perigosas e estão quase extintas por questões de segurança.

Crítica: Mentes Sombrias

O roteiro opta por começar a história narrando e apresentando Ruby, que mora com os seus pais e leva uma vida normal até a chegada de uma “doença”. Depois disso ela é levada a uma espécie de campo que lembra muito a divisão de distritos em “Jogos Vorazes” (2012), tudo se apresenta muito blasé, até que a jovem tentar fugir do local e se junta a Liam (Harris Dickinson), Chubs (Skylan Brooks) e Zu (Miya Cech), que formam um elenco bem inteirado e com uma relação de amizade muito convincente.

O roteirista Chad Hodge consegue criar identidade aos jovens, mas se esquece do principal que é a história. Questões ficam pairando em nossas mentes como: O que aconteceu com os pais dessas crianças?; Por que o mundo ficou com esse clima de pós-apocalíptico?; As crianças são geradas e automaticamente são “roubadas” de seus pais?; E quando eles chegam a vida adulta perdem os poderes e são liberadas?. O filme simplesmente ignora essas incógnitas, ou toma a decisão preguiçosa de trazer essas respostas somente em uma possível sequência. Além disso, há tentativas incessantemente de colocar as “fórmulas” que deram certo em outros filmes desse gênero e esquecem completamente da originalidade.

Como foi dito, a atuação das crianças é um ponto positivo, no entanto os demais atores sofrem pela ausência de camadas em seus personagens. Drª Cate (Mandy Moore) é uma médica que se oferece para ajudar Ruby, em seguida descobrimos que ela faz parte da “Liga” (uma organização que defende as crianças, mas pouco é explicado) e fora isso as suas reais intenções não fiquem claras, temos também a Lady Jane (Gwendoline Christie) que não acrescenta em absolutamente nada ao filme. Ambos os casos são, mais uma vez, consequência do roteiro raso e não das atrizes.

A direção de fotografia do longa segue um certo padrão de blockbusters distópicos, com o uso de iluminação opaca e cores realçadas como azul, amarelo e verde, nada muito fora do comum em termo de ritmo e ângulos de câmera. Há ainda péssimos efeitos visuais, principalmente os que envolvem o fogo e acabam incomodando mais do que impressionando.

A direção de arte não traz cenários adequados para que o público mergulhe nessa realidade distópica, falta não só carisma, como também características mais acentuadas para nos ambientar nos conceitos e no drama da jornada das crianças fugitivas. Os figurinos todos soam muito comum e não oferecem bons recursos para complementar a característica dos protagonistas.

Sabemos que muitos conceitos de outros filmes podem ser atualizados e que é comum se basear em outras ideias, mas em “Mentes Sombrias” temos um remendo de vários elementos já vistos em uma tentativa desesperada de emplacar uma nova franquia nas bilheterias, e apesar do filme ter alguns méritos, não há nada que o torne memorável e nem marcante para uma nova geração. Trata-se de uma aplicação de diversas fórmulas de outros sucessos de bilheteria, mas que acabam deixando o longa pobre e o público com uma sensação de indiferença.


Trailer: