“Millennium: A Garota na Teia de Aranha” ignora a linha temporal dos livros de Lagercrantz e substitui a direção de David Fincher por Fede Alvarez que já dirigiu os sucessos “A Morte do Demônio” (2013) e “O Homem nas Trevas” (2016).

O filme é ambientado após os eventos de “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” e segue acompanhando a jornada de Lisbeth Salander (Claire Foy), que acabou ficando conhecida como uma anti-heroína que ataca homens que agridem mulheres, a jovem continua levando uma vida escondida, mas certo dia, ela é contratada para recuperar um programa de computador que dá ao usuário acesso a um imenso arsenal bélico levando Lisbeth e Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) para uma teia de corrupção, espionagem e intriga internacional.

Crítica: Millennium: A Garota na Teia de Aranha

A substituição de David Fincher por Fede Alvarez é percebida pela atmosfera do longa que é bem diferente entre cada um dos diretores. Claire Foy mostra todo o seu potencial e eu não gosto de dizer que ela substituiu a Rooney Mara e sim que ela assumiu o papel de Lisbeth Salander, afinal ela faz isso sem tentar copiar, criando a sua própria releitura da personagem. Diferente da Lisbeth anterior que era mais contida, aqui temos uma versão que demonstra mais compaixão e que luta pelo que é justo, pelo o que ela acredita. A troca de Daniel Craig por Sverrir Gudnason também não faz nenhuma diferença, pois Claire Foy torna-se a alma da história.

O roteiro apresenta uma Lisbeth Salander bastante conectada com a anterior, por outro lado, a trama psicológica fica um pouco aquém, sendo substituída pelo ritmo dinâmico do novo diretor. Além disso, a relação da protagonista com Camille (Sylvia Hoeks) poderia ter sido melhor desenvolvida, mas ainda nos faz pensar: Até que ponto você pode responsabilizar o outro pela sua escolha? Já que o pai abusava das crianças, Lisabet optou por fugir, enquanto a irmã, por ter escolhido ficar, o responsabiliza por tudo de ruim que acontece em sua vida.

A fotografia trabalha com um visual cinza e explora alguns tons de sépia e branco, mas mantendo sempre uma iluminação fria e trabalhando com sombras e contrastes que dialogam bem com os gêneros de thriller policial e suspense.

Já a arte explora ambientes sombrios ao mesmo tempo em que também percorre por alguns cenários claros e naturais, cobertos de neve, sabendo lidar muito bem com a dimensão de cada espaço. Por outro lado, em relação aos figurinos, apenas o visual de Lisbeth se destaca, com um certo carisma que é imposto na personagem.

“Millennium: A Garota na Teia de Aranha” é bem dirigido, apresenta uma fotografia linda e ainda traz uma protagonista muito bem interpretada por Claire Foy. Temos aqui uma obra que não se propõe a imitar a anterior, mudando o padrão e colocando em destaque uma personagem feminina com pouca maquiagem e personalidade própria, lidando com a sua constante luta pela justiça.


Trailer: