[Crítica] Nerve – Um Jogo Sem Regras

Nerve tinha tudo para cair na mesmice de ser só mais um filme adolescente, porém surpreende, não pelo enredo, mas por sua condução que nos entrega um desenvolvimento muito bem executado e instigante, mas infelizmente comete alguns deslizes na reta final que quase botam tudo a perder.

Inicialmente o filme faz uma belíssima apresentação da sua premissa que consiste em um jogo online no qual os envolvidos devem escolher entre serem “jogadores” ou “observadores”, no primeiro caso você como jogador recebe uma série de desafios que valem um determinado valor em dinheiro, caso não os cumpra será eliminado automaticamente, já a segunda modalidade é você ser uma das pessoas que escolhe e vota no desafio, sendo um mero expectador. A façanha do enredo é brincar com o anonimato que a internet oferece e a constante busca por popularidade nas redes sociais como forma de se livrar dos problemas reais.

 

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Tanto a edição quanto a direção de arte sabem muito bem como introduzir a temática da globalização de forma linear. Para isso fazem um uso constante de cores vibrantes, além de uma presença notável de iluminação neon em quase todas as cenas que compõem o longa, e embora funcione ainda chega a causar uma sensação de excesso.

A fotografia usa e abusa de takes filmados com câmera na mão perseguindo as personagens, além de enquadramentos peculiares de locais distantes que juntos simulam a ideia de que estaríamos espionando a intimidade daquelas pessoas retratadas. No restante os ângulos e movimentos seguem de maneira conservadora, mas ainda assim cumprem bem a proposta da linguagem.

 

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O elenco conta com grandes nomes, mas nenhuma performance surpreendente ou digna de ser mencionada. Todos os atores estão confortáveis em seus papéis e transmitem veracidade ao público, o que obviamente ajuda a conduzir a história de forma envolvente. Sem dúvidas aqui o ponto mais notável é a construção das personagens, pois todos que compõem o longa são interessantes e possuem relevância no decorrer da história.

Quanto a direção deve ser muito bem creditada aqui pois conduz bem todo o filme e consegue nos entregar momentos de tensão excelentes que poderiam facilmente cair em uma horrível exibição de efeitos especiais, mas graças ao diretor, conseguimos vivenciar essas circunstancias junto das personagens, extraindo toda a emoção proposta.

Por fim em relação ao roteiro tivemos autos e baixos. O texto possui uma linguagem simples de fácil compreensão e tenta passar uma mensagem positiva sobre o manuseio da internet e como essa ferramente pode fugir de nosso controle. Porém ainda assim é um tema genérico e precisa de delicadeza e sutileza para não cair na mesmice de um senso comum, acontece que o roteiro consegue fazer isso muito bem durante quase todo o filme, mas na reta final bota tudo a perder escolhendo expor de forma óbvia a mensagem que já havia sido entregue. Sem mais delongas nós recebemos um final tipico, sem grandiosidade ou qualquer resquício do que havia sido construído até então. Ainda assim, felizmente, isso não chega a comprometer drasticamente a experiência.

No final das contas “Nerve” tira o telespectador da zona de conforto e o faz refletir, entregando personagens carismáticos e de fácil empatia além de completar tudo isso com uma boa trilha sonora. Infelizmente o roteiro despenca na reta final mas ainda é salvo pela direção impecável, sendo portanto um ótimo filme para assistir com os amigos e discutir sobre sua premissa posteriormente.

REVER GERAL
Roteiro
6
Direção
10
Atuações
7
Direção de Fotografia
8
Direção de Arte
8
Criador e editor da Cine Mundo, trabalho com conteúdo online há mais de 10 anos. Sou apaixonado por filmes e séries, com um carinho especial por Six Feet Under e Buffy The Vampire Slayer.