Após entregar um matéria super bacana durante o bate papo do elenco com a imprensa, venho eu aqui comentar sobre essa comédia, que infelizmente não alcança nem o mínimo que deveria para poder ser vinculada a esse gênero.
Na trama acompanhamos casais de realidades distintas que coincidentemente se cruzam durante uma noite no motel, considerado um dos mais luxuosos da cidade. No entanto o maior conflito está em um suposto vírus que coloca o ambiente em estado de quarentena mantendo todos esses diferentes personagens confinados por tempo indeterminado.
Dito isso, temos aqui uma premissa perfeita para uma comédia, correto? Sim, mas infelizmente não é o que recebemos. O roteiro usa e abusa de diálogos exagerados a fim de construir um clima de humor nas menores circunstâncias possíveis, no entanto esse excesso falha miseravelmente, e o máximo que conseguimos obter são risos discretos e moderados em momentos esporádicos – Não é um reflexo apenas pessoal, pois grande parte da sala também não riu na maioria das tentativas – Ou seja o humor não funciona nem em sua estrutura. Além de tudo, o próprio título do filme é repetido nos diálogos dos personagens, no minimo umas 5 vezes. Horrível, não?
Uma boa comédia também depende muito de seu elenco, e aqui temos grandes nomes do ramo, como: Letícia Lima, Danielle Winits, Rafael Infante, João Côrtes, entre outros. O problema é que por mais que haja talento nos atores, o roteiro e direção conseguem comprometer a obra de forma quase irreversível, de tal modo que o elenco não consegue dar ritmo a trama e convencer o público. Alguns nomes como Letícia Lima e Rafael Infante acabam ganhando mais destaque e por alguns segundos conseguem retirar leite da pedra e extrair algum sorriso contido do público.
Como já esboçado acima, a direção é fraquíssima. Esse é o primeiro longa dirigido por Hsu Chien, que embora tenha uma vasta experiência como assistente de direção, parece não conseguir encontrar uma linguagem autêntica para sua obra, que muitas vezes se encontra perdida entre a leveza do humor e a profundidade das questões dramáticas, de forma que ambas acabam atingindo níveis desastrosos.
A direção de arte e fotografia pouco conseguem acrescentar e acabam apenas seguindo o ritmo destoante do filme. Na arte e figurino podemos perceber um vasto uso de iluminação “neon” e roupas cômicas, que até funcionariam bem, se possuíssem um maior comprometimento dos outros profissionais envolvidos.
Infelizmente “Ninguém Entra, Ninguém Sai” não pode nem ser taxada como uma comédia ruim, afinal essa se quer consegue proporcionar o tão esperado humor, mesmo que em poucos momentos.