Na produção “Norman: Confie em Mim”, nós aprendemos muito com o personagem de Richard Gere, um pequeno vigarista social fazendo uma escalada para os altos cargos da sociedade através de muita engenhosidade e simpatia. Mas falaremos com mais detalhes abaixo.
Na trama Norman Oppenheimer (Richard Gere) faz amizade com Micha Eshel (Lior Ashkenazi) e esse novo vínculo vai mudar a vida solitária de Norman drasticamente, resta saber se será para melhor ou pior.
Antes de destrinchar seu script comentaremos um pouco sobre o seu elenco que aqui é composto por nomes como: Steve Buscemi, Richard Gere, Dan Stevens, Michael Sheen, Charlotte Gainsbourg, Hank Azaria, Lior Ashkenazi entre vários outros, trazendo boas performances em tela.
De longe as performances que mais tocam e divertem durante a produção são as de Lior Ashkenazi que está formidável como o político calmo e sensato Micha Eshel, Richard Gere que rende uma das melhores atuações de sua carreira interpretando um mentiroso engenhoso e um tanto estranho Norman Oppenheimer e a atuação divertida de Michael Sheen como Philip Cohen, um homem que apostou suas fichas em Oppenheimer, mas que também fará de tudo para evitar ser colocado em grandes problemas. O roteiro acaba favorecendo muito suas atuações dadas entre as duplas de Richard Gere com Lior Ashkenazi e de Gere com Michael Sheen, mas de tons bem diferentes umas das outras, com a amizade de Lior e Norman trazendo uma certa sensibilidade simpática, enquanto a relação de trabalho entre Oppenheimer e Phillip Cohen vai mais pelo caminho do humor. As participações de outros atores como Buscemi, Charlotte e Dan Stevens são pontuais e bem colocadas, mas não são desenvolvidas a ponto de serem desfrutadas ou aprofundadas.
Já que comentamos sobre o roteiro, vamos falar em detalhes dele agora, pois bem, “Norman: Confie em Mim” é uma obra que desde o trailer lembrava uma típica história de um vigarista estranho e atrapalhado de Nova York, algo meio parecido com Woody Allen e seus tipos incomuns com humor judaico, entretanto, ao vermos o filme percebemos que ele também caminha por estruturas tipicas de livros e peças teatrais ao dividir a história em atos, e é aqui que ele erra e acerta de maneira quase igual. A produção tem uma boa construção do caminho dos atos, onde Norman estabelece uma amizade a partir de mentiras e vai aos poucos tentando ajudar seu amigo enquanto tenta resolver problemas de todos os lados, aqui existe um ótimo conceito a se desenvolver encima de três mundos que se cruzam,, o do vigarista de Gere, o da política de Lior e o da religiosidade no personagem de Buscemi que ganha maior foco no meio do longa. Tudo isso começa bem, mas se atrapalha às vezes, com atos super dinâmicos seguidos de outros arrastados e cansativos, há um problema de ritmo que pode dificultar esse material que é carregado de informações e nuances dramáticas, melancólicas e cômicas do escritor Joseph Cedar, uma boa história que poderia ter sido mais revisada, mas que termina de forma forte e coesa com o tom estabelecido no decorrer do longa.
A direção de fotografia é outro ponto alto, pois apesar de ser uma história que a princípio teria poucos artifícios visuais, usasse de muita visão e criatividade para agilizar a trama ao colocar personagens que estão em locais diferentes conversando via telefone, um de costas para o outro como se estivessem longe, dando um tom e charme à produção e evitando uma narrativa muito comum, além das cores frias e tons cinzas usados para simbolizar Nova York, captando a essência da cidade por meio do visual.
A direção de arte também está ótima, com diferentes cenários realistas e rebuscados para cada mundo, seja na política ou na religião, os espaços são bem elaborados e críveis para seu público e o mesmo se diz sobre os figurinos bem adequados à cada um desses ambientes diferentes, e pode-se ver na vestimenta de Norman como o personagem se transforma à medida que passa de vigarista, para homem de negócios e disso para um homem religioso, um trabalho bem pincelado e admirável.
Por último temos a direção do também roteirista, Joseph Cedar, que por um lado transmite todo o tom de humor judaico repleto de melancolia em tons teatrais e dignos do Woody Allen, que alcançam o máximo dos âmbitos técnicos, de seus atores e dos universos da obra, e por outro lado erra no ritmo várias vezes, o que torna o filme inconstante, mas ainda assim permanece com mais acertos que erros.
No geral “Norman: Confie em Mim” é um bom trabalho que poderia ter sido melhor pensado em alguns momentos, no entanto isso tudo não tira a beleza e diversão de sua história e mostra que mais do que nunca Richard Gere fazia falta no cinema atual, esperemos que tanto ele quanto o diretor continuem a trabalhar muito mais, porque ambos são grandes talentos que devem ser mais admirados.