Jean-Luc Godard é conhecido por ser polêmico, inventivo e militante. Ele começou a sua carreira em meados dos anos 60, e esteve em constante produção, com filmes como: Vivre sa vie (1962; Viver a vida), O Desprezo (1963), Bande à part (1964), Alphaville (1965), Pierrot le fou (1965; “O demônio das 11 horas”), Deux ou trois choses que je sais d’elle (1966; “Duas ou três coisas que eu sei dela”), La Chinoise (1967; “A chinesa”) e Week-end (1968; “Week-end à francesa”). Em 1968, ele se volta para um grupo de cinema chamado Dziga Vertov em homenagem ao cineasta russo de vanguarda e as movimentações políticas da época passam a ser a principal influência para as suas produções.
“O Formidável” começa através do set clássico de “A Chinesa” (1967), onde o diretor Godard (Louis Garrel) conhece a sua amada e os dois logo se casam. O filme tem uma tomada de posição revolucionária, que motiva o casal a aderirem os protestos de estudantes e operários de Paris. O longa é baseado nas memórias da sua primeira esposa, Anne Wiazemsky (Stacy Martin), que tinha uma diferença de idade significante em relação ao marido, mas isso não foi empecilho para que vivessem uma história de amor.
Louis Garrel interpreta uma caricatura do diretor e a maioria das atitudes do personagem me causaram um certo incomodo, principalmente a sua relação com Stacy, pois ela é uma menina cheia de sonhos, mas acaba sendo reprimida pelas escolhas de seu marido, além disso, a sua falta de segurança e confiança com a mulher faz com que ele tenha atitudes imaturas e infantis. O filme é completamente voltado ao relacionamento dos dois, mas o casal é apático. O elenco secundário não é bem desenvolvido, e como falta carisma nos protagonistas, o longa acaba se tornando muito cansativo, inclusive por conta dos longos diálogos que algumas vezes se sobrepõem as falas de outros personagens e causam um verdadeiro caos narrativo.
A direção é do francês Michel Hazanavicius, que ganhou o Oscar pelo filme “O Artista” (2011). Aqui ele mantém um bom trabalho de direção, mas que não chega a ser tão primoroso como poderia, o diretor atende ao seu perfil para alegria de seus fãs, mas o roteiro escrito por ele é cansativo, pois segue a rotina do personagem sem elementos que a tornem atrativa.
A fotografia faz uma boa representação do período dos anos 60, com um filtro que deixa a produção bem ambientada com cores brandas, além do uso de preto e branco para se capturar a dramaticidade da história.
Dentro da arte houve um belo uso de construções e cenários de Paris da época, assim como os figurinos tanto de Anne como de Louis, muito caracterizados com a proposta do filme.
“O Formidável” conta um lado que talvez muitos fãs do diretor não conheciam, enfatizando os seus defeitos e o seu jeito meio ranzinza, que apesar de pregar um discurso que pensa nas minorias, não consegue enxergar as pessoas que estão ao seu redor.