A justiça é um tema fortemente discutido tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, ainda mais em tempos caóticos como os quais nós estamos vivendo atualmente, esse tema flerta diretamente com a moral de cada individuo e a ética em meio a uma sociedade em conflito. Em “A Qualquer Custo” somos apresentados a trajetória de dois bandidos e dois policiais em uma perseguição no Texas, durante um curto período de tempo, com isso as concepções de justiça tornam-se a mensagem principal do longa, que é desenvolvida melindrosamente a cada cena.

Logo de inicio somos apresentados a Toby (Chris Pine), um pai divorciado com dois filhos e seu irmão, Tanner (Ben Foster) um ex-presidiário que parece não possuir limites para conseguir o que quer, ambos decidem iniciar uma onde de assaltos a bancos a fim de conseguirem o dinheiro necessário para recuperarem a fazenda da família que havia sido penhorada em meio as dividas de sua recém falecida mãe. Em meio ao caus que a dupla inicia, dois policiais, Marcus (Jeff Bridges) e Alberto (Gil Birmingham) decidem investigar o caso e prender os culpados.

Com um roteiro simples e um tanto quanto clichê, o destaque do texto fica nos diálogos e no seu ritmo ágil que consegue trabalhar muito bem os momentos de intimidade dos personagens sem precisar estacionar a trama principal que se situa em um uma fuga frenética contra o tempo.

No entanto quem consegue colher bons frutos do roteiro é o diretor que conduz a história de uma maneira sutil, mas coesa, mantendo a tensão e o clima de urgência que acompanha os quatro protagonistas durante todo o filme. Felizmente David Mackenzie é inteligente e opta por desenvolver a relação de ambas as duplas ao invés de focar apenas na perseguição e transformar o filme em um longa de ação formular.

Com um roteiro simples, mesmo que com uma boa direção, o que de fato consegue dar vida ao material e torná-lo impactante são os atores, esses que fazem jus as indicações que receberam no Oscar 2017. Os arquétipos aqui representados são caricatos e seguem uma receita clássica de Hollywood, colocando dois opostos tendo de trabalhar em conjunto, sempre sendo um mais canastrão e irresponsável enquanto o outro mais sensato e focado, no entanto os atores conseguem delicadamente fugir dos esteriótipos pré estabelecidos pelo roteiro e entregam atuações humanizadas que funcionam ainda melhor quando contracenam juntos.

A fotografia é extremamente pontual e funciona muito bem em parceria com a narrativa e a ambientação. O uso de cores claras, com maior evidência no amarelo permitem transmitir uma sensação de aflição e calor ao público que acompanha essa caótica dupla espalhando o caus pela cidade.

A direção de arte faz um trabalho semelhante nas cores colocando trajes de tons levemente mais escuros nos assaltantes e outros mais claros e radiantes nos policias, gerando um contraste entre os dois lados. A maquiagem até com os próprios figurantes deixa evidente a simplicidade da região retratada.

No final das contas o filme  cumpre muito bem a sua função de ressaltar debates acerca da atual situação politica dos EUA, levantando discussões sobre as penalidades e leis de cada estado. Um dialogo no final do longa evidência ainda mais essa mensagem permitindo que o público reflita e chegue em suas próprias conclusões.

A Qualquer Custo é um filme que diz muito sobre o momento atual, mas com um roteiro simples e desenvolvimento pouco surpreendente, o longa será facilmente esquecido ou no máximo vagamente lembrado graças ao elenco talentoso que entregaram performances delicadas e instigantes.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
8
Atuações
9
Direção de Fotografia
8
Direção de Arte
8
Criador e editor da Cine Mundo, trabalho com conteúdo online há mais de 10 anos. Sou apaixonado por filmes e séries, com um carinho especial por Six Feet Under e Buffy The Vampire Slayer.