Escrevo essa crítica ao som de Rocketman pois até agora estou em êxtase com a atuação de Taron Egerton e com a coragem de Elton Jonh de contar episódios tão pessoais de sua vida.

O longa é uma fantasia musical épica sobre a incrível história da carreira de Elton John. Expondo a fantástica jornada de transformação do tímido garoto e pianista prodígio Reginald Dwight no superstar internacional Elton John, uma das figuras mais icônicas da cultura pop.

Crítica: Rocketman

Sentamos com Elton Jonh numa terapia coletiva e ele vai narrando os fatos de sua vida, começando com a sua infância e o seu anonimato, a fase em que ele e seu amigo Bernie Taupin (Jamie Bell) são inseparáveis e constroem uma das mais lindas relações de amizade, pautada em compressão, respeito e confiança que são os pilares de uma relação fluída e que pode durar por toda uma vida. Juntos eles lutam para conseguir ter reconhecimento, um escreve, o outro compõe, isso quando ambos não compõem juntos. E quem conhece a carreira do cantor sabe que ele é multitarefas, cantando, interpretando e colocando a sua alma nas apresentações.

É justamente a alma do cantor que Taron consegue captar com o seu talento, cantando e interpretando muito bem, nos fazendo sentir o ator completamente entregue aquele papel. Além disso, esse sentimento parece estar sendo compartilhado por todo o elenco, John Reid (Richard Madden) aparece na sua vida em um momento de descobertas, ele já sabia que era gay, mas ainda não tinha se envolvido emocionalmente com nenhum amor, seu primeiro caso também foi sua primeira desilusão, logo ele quis se envolver na carreira profissional, mas não correspondia como o parceiro que Elton esperava ter, sendo assim o relacionamento deles findou, porém por algumas questões contratuais eles tiveram que manter o vínculo por mais tempo.

O roteiro só cresce ao apresentar a vida de Reginald Dwight (nome de batismo) e a sua jornada de autoconhecimento, mostrando que ele nasceu como Reginald e ao longo da vida encontrou o Elton, precisando descobrir cada camada de si mesmo até se aceitar por completo, compondo essas músicas memoráveis e tornando-se um artista tão completo dentro do âmbito musical, mas que ainda precisou “exorcizar alguns demônios” antes de viver a sua plenitude.

A relação de Elton John com seus pais é um ponto que não foi fácil e o roteirista Lee Hall não nos poupa em contar diálogos íntimos que o cantor teve com a sua mãe Sheila Eileen (Bryce Dallas Howard) quando assumiu que era gay ou como era a relação deles depois da fama e ausência do seu pai, Stanley (Steven Mackintosh). Isso nos permite acompanhar relações familiares reais, afinal lidar com pai e mãe é delicado, as culpas que cada um insere na vida do outro, as abdicações, os pedidos e por mais amor que exista, também houve dificuldades, tanto durante o anonimato como depois da fama.

Crítica: Rocketman

A cinebiografia fez questão de ser ousada e destacar outros pontos polêmicos da vida do astro, como o seu vício em drogas e bebidas que fazem parte de sua rotina, bebendo sempre ao acordar e fazendo o uso de drogas como um ritual antes e depois do show. Aqui não há pudor, é a verdade nua e crua sobre sua vida sem ficar arrodeando, são fatos expostos de forma objetiva e que colaboram para a evolução da história, assim como as músicas.

Sabe aquelas retrospectivas que fazemos da nossa vida dentro da nossa própria mente? Em que a gente começa a perceber que ao longo da vida buscamos incansavelmente pela estabilidade emocional, mas o nosso crescimento está justamente nessas instabilidades que é quando evoluímos como ser humano. O Elton colocou todas as suas angústias e conquistas em um formato de filme frenético em que a gente não sente nem o tempo passar, e estamos ali diante de uma vida de outra pessoa em que podemos encontrar alguma familiaridade com a nossa, embalados com diversos sucessos musicais e completamente conectados com a história, é muita emoção envolvida nessas duas horas de projeção.

A direção de arte deste filme é primorosa, começando pela cidade em que o cantor nasceu, no Reino Unido, até quando ele segue para os Estados Unidos, onde tudo acontece. Elton John é conhecido por seu visual estiloso, considerado até espalhafatoso para alguns e para outros simplesmente não importa, pois o mais é importante é que ele tinha identidade própria e o filme consegue recriar muito bem os seus trajes, principalmente os milhões de óculos que o cantor usa em suas apresentações.

“Rocketman” vai muito além de uma cinebiografia ou de um musical, ele consegue aplicar os dois gêneros e ainda trazer a alma de Elton John através de suas músicas que perpassam pela história representando cada momento de sua vida, agregando na narrativa e enriquecendo a experiência de se deleitar sobre essa obra que deverá emocionar a todos e, quem sabe, também pode ganhar algumas estatuetas na temporada de premiações.


Trailer: