Crítica: Segundas Intenções 2 (2000)

O original “Segundas Intenções” de 1999 fez sucesso nos anos 90, época na qual ainda era tabu falar abertamente sobre sexo, mas o longa trouxe de forma sutil, temas como o primeiro amor, a virgindade, beijo entre mulheres e até uma relação gay brevemente desenvolvida. O elenco, trilha-sonora e tantos outros pontos positivos, tornaram o filme um grande clássico, principalmente para os adolescentes que cresceram nesse período.

Crítica: Segundas Intenções 2

Com o sucesso do primeiro filme, no ano seguinte foi lançado uma continuação com o elenco completamente diferente e até mesmo uma nova história, mantendo-se apenas o nome dos personagens e seus respectivos arquétipos. Na trama, depois de ser expulso de uma escola de elite e devido à sua mãe precisar se recuperar em uma clínica para dependentes químicos, Sebastian (Robin Dunne) acaba diante da realidade de ter que morar com o seu pai. Recém-chegado na cidade de Nova York, e precisando se adaptar a uma nova vida, ele conhece a sua meia irmã Kathryn Merteuil (Amy Adams), que segue os padrões de boa moça, sendo que na verdade ela não tem escrúpulos e não mede esforços para conseguir o que quer. Os dois logo entram em conflito, principalmente após Sebastian se apaixonar pela jovem e inocente Danielle (Sarah Thompson), filha do diretor da escola onde ele estuda.

O elenco é um dos grandes problemas desse filme, a começar por Robin Dunne que não tem o mínimo de “sex appeal” que o personagem exige, além de não conseguir transparecer o lado obscuro que Sebastian possui, sendo que a única prova sobre o seu caráter dúbio é um dossiê que é citado ao longo do filme. Quanto a Amy Adams podemos mencionar vários filmes nos quais ela mostrou que tem talento, mas este aqui não é um deles. A atriz tenta imitar o que Sarah Michelle Gellar fez no longa original, mas parece mais uma garota chata e mimada. Por fim temos Sarah Thompson como Danielle Sherman, que é muito mal desenvolvida e não tem nenhuma química com Robin Dunne.

A fotografia assim como o restante da produção é bastante caótica, com planos e movimentos que não dialogam bem entre si causando um ritmo confuso e muito “trash” transformando as cenas de tensão em momentos cômicos e involuntários. As cores tentam trazer um visual semelhante ao primeiro filme, no entanto, parecem não ter sentido ou  profundidade diante da linguagem proposta.

A arte segue no mesmo caminho da fotografia com cenários padronizados e sem o menor requinte, inclusive nota-se várias vezes que há uma falta de percepção total das ambientações, o que nos deixa um tanto confusos com a forma com que tudo foi elaborado. Os figurinos parecem seguir na mesma estrutura sem influenciar na narrativa e sem contribuir para o filme e sua história, usando vestimentas comuns e que não se conectam com os personagens.

A tentativa de reprodução dos personagens é péssima, a trilha-sonora não chega aos pés do primeiro filme e o desfecho é bem previsível. O longa ainda repete algumas cenas do original tentando inovar, mas acaba sendo completamente trash, reproduzindo até mesmo algumas falas e não deixa claro se é uma refilmagem, uma sátira, ou uma sequência. “Segundas Intenções 2” é um material que não agrega, não inova e apresenta uma trama de péssimo gosto cujo a única intenção é fazer você perder seu tempo.