Crítica: Sexy Por Acidente

Quebrando paradigmas, o filme “Sexy por Acidente” apresenta Renée (Amy Schumer) como uma mulher comum que luta com os sentimentos de insegurança e inadequação no seu dia a dia até o momento em que acorda de uma queda acreditando que ela é a mulher mais bonita e capaz do planeta. Com essa nova visão, ela ganha confiança para viver sua vida sem medo e sem falhas, mas o que acontecerá quando perceber que a sua aparência nunca mudou?

Crítica: Sexy Por Acidente

Tudo começa quando, para se sentir melhor, Renée decide alterar a sua rotina pessoal e profissional. Para isso, a jovem se matricula em uma aula de spinning e, após a queda da bicicleta, sua vida se transforma por inteiro. Logo após o acidente, ela tem a impressão de que ficou mais bonita e que, consequentemente, será aceita pela sociedade. Essa sua visão faz com que a jovem adquira ‘autoconfiança’ e passe a acreditar em si própria, fazendo com que todos ao seu redor também enxerguem o seu potencial.

Com a sua confiança restaurada, a personagem ganha liberdade para flertar, mudar de emprego, e se sentir feliz consigo mesma. Diante de tudo, o ponto alto da história é a mudança de trabalho, ao ingressar na empresa de cosméticos na qual sonhava em trabalhar. Nessa nova jornada profissional, Renée encanta a sua chefe Avery LeClaire (Michelle Williams), que é uma mulher de autoestima baixa, mesmo estando completamente dentro dos padrões que a sociedade impõe. A outra grande conquista de Renée, é o seu fofo namorado Ethan (Rory Scovel) que se apaixona pela inteligência e autoconfiança da moça.

Com a direção e roteiro de Abby Kohn e Marc Silverstein, que já trabalharam em filmes como “Para Sempre” (2012) e “Ele Não Está Tão a Fim de Você” (2009), o longa traz uma perspectiva de aceitação, propondo que a mulher se aceite exatamente como ela é, adquirindo segurança e, consequentemente, cativando as pessoas ao seu redor. Além de explicitar o cotidiano do que muitas pessoas sentem por estarem acima do peso, sendo bombardeadas com a mídia mostrando “corpos perfeitos” e dando pouco, ou quase nenhum espaço a pessoas gordas. Quando se trata de modelar, trabalhar em uma grife, ou qualquer
trabalho que envolve beleza, o mundo corporativo acaba sendo muito cruel com essas pessoas pelo simples fato de estarem fora do “padrão” esperado por eles.

A fotografia se adéqua ao formato da comédia, com planos fechados para destacar as expressões dos personagens e, em outros momentos, há um bom uso de planos abertos para captar um humor físico mais evidente na trama. Em relação ao seu visual existe um belo trabalho com cores vívidas como amarelo, azul e verde que combinam tanto com o tom leve do filme, como também funcionam dentro do arco da protagonista.

Renée começa usando roupas que escondem mais o corpo dela, algo que contextualiza bem com o seu estado de espírito inseguro e dotado de baixa autoestima, mas a partir do momento em que ela passa a se ver de outra forma e adquire segurança, ela começa a usar figurinos de natureza mais livre e espontânea, fazendo com que a direção de arte atue como um complemento na composição da personagem.

Crítica: Sexy Por Acidente

Amy Schumer está completamente à vontade em seu papel e parece estar defendendo uma causa em que realmente acredita, enquanto Michelle Williams já provou que é competente em absolutamente tudo que faz e aqui não é diferente, ela vive uma mulher que tem tudo na vida, menos autoconfiança. As amigas de Renée, Jane (Busy Philipps) que fez “As Branquelas” (2004) e a Vivian (Aidy Bryant), são outro ponto forte na história que agregam muito na mensagem final. Por fim, temos a presença do galã Tom Hopper, interpretando Grant LeClaire, o irmão de Avery, que na história se encanta pela protagonista.

“Sempre quis saber como é ser indiscutivelmente bonita”

A frase acima, dita por Renée, é uma das que mais me marcou durante o filme, pois somos frequentemente atingidos por imagens de um “padrão de beleza” e acabamos nos sentindo excluídas por estarmos fora desse padrão. Algumas mulheres se escondem e outras lutam para entrar nesse padrão, mas a discussão que o filme traz é que devemos nos amar independente do tipo de mulher que somos, precisamos aceitar as nossas diferenças e encarar o mundo dessa forma, sendo lindas da maneira que somos e não é preciso bater a cabeça para que isso aconteça, basta se aceitar, se amar e ser feliz consigo mesma.

“Sexy por Acidente” pode não ser um filme memorável, mas vai fazer com que as pessoas reflitam um pouco sobre se aceitar do jeito que é, e com certeza é uma boa pedida para ver com os amigos, namorado e garantir boas risadas.


Trailer: