Um casal de amantes lutando pra ficar juntos, uma briga entre famílias, um final trágico. O enredo é facilmente associável ao clássico romance de William Shakespeare “Romeu e Julieta”, mas nesse caso, faz referência ao longa indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro “Tanna”.

A temática do romance proibido já foi muito explorada por produtores de filmes e é preciso bastante cuidado para não deixar que o roteiro caia nesse velho clichê e se torne apenas mais um filme, entre tantos, a fazer tal abordagem. Felizmente, não foi o que aconteceu com ”Tanna”.

O longa é baseado em fatos reais e narra o romance proibido de Wawa (Marie Wawa) e Dain (Mungau Dain), ambos pertencem a tribo Yakel, uma da últimas tribos da Ilha de Vanuatu na Austrália, que se mantém fiel aos costumes e tradições passados de geração em geração. É justamente um desses costumes que cria o conflito da trama: os casamentos arranjados.

Wawa é oferecida em casamento a um homem de uma tribo rival e decide então fugir com Dain em nome do amor que um sente pelo outro. Os integrantes das duas tribos partem então atrás de casal, a tribo Yakel tem intenção de encontrá-los antes da tribo rival que pretende matar Dain e trazer Wawa de volta para se casar.

São as particularidades da obra que tornam “Tanna” um filme tão especial. Os personagens são interpretados por atores amadores locais e é todo falado em Nauvhal, idioma da Ilha. Os diretores Bentley Dean e Martin Butler passaram sete meses em Vanuatu, conhecendo e convivendo com a tribo Yakel, a partir dessa experiência acabaram conhecendo a história de amor que transformou a tradição dos casamentos arranjados.


No desenrolar de toda a trama os diretores conseguem revelar elementos da belíssima cultura local, mostram como as tribos vivem conectadas com a natureza da Ilha e inclusive, um vulcão em erupção também se torna personagem na obra ao metaforizar o turbilhão de sentimentos vividos por Wawa, Dain e outros integrantes da tribo, além de proporcionar um show de imagens.

Com toda certeza o espetáculo de imagens proporcionado pelo vulcão contribuiu para que o filme ganhasse o prêmio de melhor fotografia e o prêmio da Semana da Crítica no Festival de Veneza, em 2015. Mas não deve ser atribuído a ele todo o crédito, a natureza retratada através das matas, das cachoeiras, das cenas na praia, é encantadora e merece menção.

O que nos resta agora é esperar a premiação do Oscar de 2017 para saber se o longa ganhará o prêmio de melhor filme estrangeiro.