A primeira experiência de Dean Devlin como diretor não foi muito eficaz, apesar de ter estado envolvido na produção de filmes como “Independence Day” de 1996 e 2016.
Em “Tempestade: Planeta em Fúria”, a história perpassa por eventos climáticos capazes de ameaçar a existência da humanidade através de uma extensa rede de satélites que ficam ao redor do planeta. Esse sistema foi construído com participação do presidente dos Estados Unidos, o seu partido, e o engenheiro Jake Lawson (Gerard Butler), que por divergências políticas acaba sendo afastado do cargo e o seu irmão caçula, Max (Jim Sturgess) é designado para assumir o seu lugar. Três anos depois, os políticos convocam a colaboração de Jake, para que possa ir à estação internacional e desvendar os mistérios por trás de um incidente em Hong Kong. No entanto, ao chegar lá ele se depara com uma conspiração e precisa contar com o apoio de seu irmão, Max, para salvar o planeta.
O filme tem um elenco bom, começando por Gerard Butler que possui uma carreira vasta no cinema, cheia de altos e baixos, mas que aqui assume a figura do protagonista, e apresenta uma atuação dentro do esperado e sem grandes feitos. Já Jim Sturgess, que interpreta o seu irmão, está muito bem, ele é um ator que demostra total entrega em tudo que faz, mas que ainda não teve o destaque merecido. Abbie Cornish, por sua vez, mostrou nesse papel que ela seria uma perfeita Capitã Marvel, por conta de sua desenvoltura como agente, porém o papel ficou para Brie Larson. Também é preciso falar sobre a Alexandra Maria Lara, que não teve expressividade alguma, e é a mais fraca do elenco. Outros grandes nomes, como: Ed Harris e Andy Garcia estão presentes no filme, porém não possuem muito tempo em tela.
O uso de CGI no filme é tão excessivo que chega a incomodar em alguns momentos. O longa também se excede em querer inserir humor e drama onde não cabem e ainda exagera na trilha sonora que não acrescenta muito na história. O roteiro tenta acrescentar um conflito familiar muito forte entre os irmãos, mas que abusa um pouco de uma comoção genérica e acaba falhando por falta de desenvolvimento. Não posso deixar de mencionar a Talitha Bateman, que é uma atriz mirim cheia de potencial, mas que no filme é usada apenas como uma ferramenta para o arco dramático do protagonista.
Outro problema no filme, é com a sua edição, que carece de uma boa dinâmica na transição das cenas. A arte e o design dos efeitos estão ótimos quando acompanhamos o desenrolar no espaço, no entanto, no ambiente do planeta Terra há sérios problemas de excessos nos desastres, congelamentos, inundações, superaquecimento, entre outros, que acontecem de forma desleixada. A cena do Brasil, por exemplo, é focada no Rio de Janeiro e não encontramos muitas semelhanças com o local.
A direção de fotografia se manteve no habitual de filmes típicos do gênero “catástrofe”, nem para mais e nem para menos. É bem provável que você já tenha visto cenas similares em outras produções, com artifícios como câmeras tremidas na correria da destruição, cortes rápidos, e vários planos gerais motivados a demonstrar a escala de todos os desastres presentes no longa.
“Tempestade: Planeta em Fúria” não é completamente descartável, pois acrescenta um tom investigativo que não é muito comum em filmes do gênero, e apesar de ser autoexplicativo e previsível, ainda rende um entretenimento casual.