Dizer que Tubarão é um clássico do cinema, é uma afirmação incontestável, pois o filme foi sucesso de bilheterias na direção de Steven Spielberg em 1975 e derivou uma nova fase para o cinema Hollywoodiano que até hoje é vista em filmes recentes como, “Águas Rasas” (2016), “Medo Profundo” (2017) e “Megatubarão” (2018) que ainda será lançado protagonizado por Jason Statham.
No segundo filme da franquia, passaram-se quatro anos após os ataques provocados pelo tubarão branco e que apavorou a população de Amity. Após dois supostos ataques, o chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) passa a pensar que um tubarão está assombrando a ilha novamente, mas o prefeito (Murray Hamilton) hesita em acreditar devido a um imenso empreendimento que está para ser construído na cidade. Martin não desiste, após um barco ter sido queimado, e uma baleia orca ter sido encontrada morta, o chefe de polícia confirma sua suspeita.
“Tubarão 2” tem uma pegada diferente do primeiro filme, pois aqui ele abre mão dos diálogos dramáticos e aposta em seu elenco mais jovem, aplicando uma linguagem de terror adolescente. No entanto, a direção sofre um pouco, afinal não há resquícios das habilidades de Spielberg e quem assume é Jeannot Szwarc, deixando todo aquele espírito familiar superficial.
Mesmo tendo um material inferior para trabalhar, Roy Scheider segue muito bem como o protagonista Brody, enquanto Lorraine Gary que vive Ellen Brody, ganha mais espaço nessa sequência e a sua atuação flui com excelência. O Prefeito Larry vivido por Murray Hamilton, conta com um ar cômico e suas motivações são resumidas pelo capitalismo e a necessidade de recuperar a visibilidade da sua cidade após os acontecimentos do filme anterior. Por fim, o último destaque do elenco é Donna Wilkes como Jackie Peters, a adolescente rebelde que não está preparada para sofrer as consequências de suas ações e serve como uma má influência para seu grupo de amigos que ficam presos no mar e impulsionam a história.
A direção de arte da sequência permanece com os tons utilizados no primeiro filme, com boas representações dos políticos, policiais e da população que vive na ilha, todos são contextualizados com seus cargos e personalidades. O cenário mantém o clima real da trama, não se destoando das marcas da franquia estabelecidas no longa anterior.
Já a fotografia se esforça para manter a estética empregada por Spielberg no primeiro filme, retomando o visual soturno e o bom uso de sombras, destacando cores vivas como azul, verde e vermelho e, quando necessário, cria-se um visual que flerta com a aventura e o suspense com leves respiros cômicos durante toda a produção.
É inegável que a produção caiu de qualidade, afinal poucos são os filmes que têm êxito em suas continuações, principalmente neste caso em que trocam o diretor. Portanto, com uma duração de 116 minutos, que torna o filme mais longo do que o necessário e um roteiro pouco inspirado, “Tubarão 2”, acaba funcionando apenas como um bom passatempo despretensioso para uma noite de domingo.