Crítica: Twisters

Twisters talvez seja um dos melhores e mais divertidos blockbusters de 2024, uma conquista realizada por toda uma grande equipe que reúne nomes como o Joseph Kosinski na história, produção da Amblin de Steven Spielberg, direção intimista de Lee Isaac Chung e um reforço gigantesco através de seu elenco que direciona Daisy Edgar-Jones e Glen Powell para a posição de estrelas do cinema.

O longa está muito mais interessado em emular o típico filme pipoca de meados dos anos 80 e 90 do que realmente ser uma sequência legado do clássico de Helen Hunt e Bill Paxton, mas ao mesmo tempo se compromete com ideias autorais do novo diretor e explora outros cenários ainda que bate em alguns elementos parecidos sobre ritmo, ação e absurdos.

Na trama desse novo filme, temos a meteorologista Kate Cooper vivida pela charmosa Daisy Edgar-Jones que presencia uma grande perda de seus amigos em um experimento fracassado com um tornado.

Após isso, ela se refugia emocionalmente em um emprego tranquilo no Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos até que é convocada pelo amigo Javi (Anthony Ramos) para ajudar no teste de um inovador sistema de escaneamento de tornados na temporada de tempestades em Oklahoma. Uma escolha que a fará cruzar caminho com Tyler Owens (Glen Powell), uma estrela de redes sociais que vai em busca de tornados para gravar vídeos.

A produção intercala muito bem suas diferentes ambições, passeando por diversos gêneros tendo como uma base o retrato afetivo do interior dos EUA e o drama psicológico que Kate sofre pelo seu passado, mas também abraça a aventura e o romance conforme ela supera traumas e forma uma união cheia de tensão romântica com Tyler.

Há momentos bem equilibrados para todos os públicos e faz com que seja uma experiência envolvente seja você um entusiasta de romances melosos entre figuras opostas ou que aprecie um pouco de desespero de pessoas sobrevivendo contra a natureza.

Claro que todas essas características ocorrem através do olhar sensível de Lee Isaac Chung que captura bem o espírito dos blockbusters mais tradicionais da indústria pelo movimento de câmera e pela maneira que usa das paisagens belas, além de ter muito mais sendo contado através da sutileza sobre o sofrimento das pessoas pelos tornados ou no próprio romance onde um imensidão de emoções é narrada através da atuação corporal de Powell ou nos olhos profundos de Daisy Edgar-Jones.

Daisy Edgar-Jones traz o drama, a base emotiva de tudo através de suas vivências só que também entrega através do romance e da comédia, enquanto Glen Powell é um astro com certeza. Ele tem um carisma que rouba a tela para si com o tipo de energia que a câmera se apaixona por seu sorriso, os demais nomes no elenco também complementam nos temas e tom da trama seja por Anthony Ramos, Sasha Lane, Kiernan Shipka, David Corenswet e Brandon Perea.

O texto de Twisters mesmo seguindo essa linha bem-humorada de um filme pipoca muito divertido e bem redondo como produção também traz certos pontos de vistas interessantes para os tempos atuais, aqui se trata de olhar com sinceridade para os povos que vivem no interior dos EUA e realça o valor do tradicional em vez de desmerecer em favor de elevar a nova geração e isso contradiz boa parte de produções mainstream que tem a tendência de jogar o lado da narrativa para o lado mais jovem do nosso mundo.

Essa mescla do novo com o clássico ocorre também na maneira como usa de humor sem cinismo, enche a produção de sinceridade e de uma maneira mais simples de ver esses filmes de entretenimento puro sendo mais um desses casos onde os blockbusters começam cada vez mais se distanciar de formatos popularizados pelos super-heróis.

Tudo se trata de apostar na imersão da ação espetacular que te faz sentir dentro de suas sequências e que se beneficia das grandes telas do cinema e da linguagem de um filme de estúdio em uma pegada mais clássica e também incorpora dramas e torna esses personagens cativantes com aspectos de uma história sobre comunidade.

Um blockbuster simplório, mas que ao reunir tantos elementos conseguem criar uma experiência empolgante, diversificada e envolvente que resgata a fantasia de que no cinema tudo é possível sendo sobre rir, torcer por um casal, ficar tenso e até mesmo se emocionar ao mesmo tempo que demonstra entender a força enorme trazida por nomes como Daisy Edgar-Jones e Glen Powell.

Não há dúvidas, eles são duas novas grandes estrelas do cinema.