Luc Besson é um diretor ambicioso e tem mostrado isso em diversas produções como “O Profissional” e ”O Quinto Elemento”. Agora em “Valerian” ele conseguiu o título de maior investimento do cinema francês. O longa é baseado no quadrinho “Valerian e Laureline”, publicado em 1967, de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, que conta a história de Valerian (Dane DeHaan), um viajante do tempo que trabalha para o governo e luta ao lado de Laureline (Cara Delevingne) para proteger o planeta Terra e outros planetas aliados das ameaças de bandidos intergalácticos. Após serem enviados para o planeta Alpha eles precisarão confrontar uma operação que ameaçará a vida de milhões de pessoas.

“Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, é o nome dado ao filme aqui no Brasil. No exterior o longa dividiu opiniões nas primeiras impressões da crítica, e ao conferir o material eu pude compreender os pontos que não foram tão exitosos nessa produção, que por sinal tinha tudo para ser um sucesso, graças a fórmula composta de uma boa HQ, dinheiro para investimento, e uma ideia original, mas infelizmente não funcionou.

No elenco temos Dane DeHaan que interpreta Valerian, um ator que ainda não conseguiu deslanchar em sua carreira, pois os projetos que esteve envolvido sempre fragmentaram a opinião do público e a Laureline interpretada pela Cara Delevingne é alvo de críticas ‘gratuitas’ na internet, ou seja, já existe um certo preconceito com a jovem principalmente depois de seu trabalho em “Esquadrão Suicida” (2016) como a personagem Magia. Em “Valerian” ambos cumprem bem o seu papel, porém como existem sérios problemas no roteiro a atuação deles, assim como qualquer ator sem material para trabalhar, é parcialmente prejudicada. Avaliando ambos em cenas conjuntas, eles convencem melhor como amigos que se importam um com o outro, do que como um casal de fato. Ressalto que a Delevingne ainda precisa de um diretor que realmente possa remover seus ‘vícios’ de modelo que a acompanham em suas interpretações, seja na forma de andar ou em algumas “caras e bocas” quando é contemplada em close-up, mas ainda assim tem potencial para crescer como atriz.

O longa começa bem, inteirando o espectador em seu universo, fazendo viagens intergalácticas, mostrando uma série de personagens com formas e trejeitos muito peculiares. Em seguida nos inteira ao casal e o que eles fazem no espaço, para quem eles trabalham, e tudo vai fluindo com sutileza, dando espaço tanto para o Major Valerian quanto a Sargento Laureline. Até aqui o filme parecia ter muita vitalidade para se tornar um dos melhores do ano, no entanto durante uma das missões dos heróis, a narrativa começa a se perder em sua diversidade de criaturas que não conseguimos se quer entender em quem eles podem confiar e quais são as intenções de todos os envolvidos, além disso o segundo ato vai perdendo completamente o ritmo e coesão, o interesse pela trama é mantido apenas pelo visual que é deslumbrante em todos os aspectos, mas o diretor nos coloca num roteiro confuso e resolve querer explicar tudo através de um flashback de Laureline e como se não pudesse piorar ele opta por soluções óbvias e previsíveis no desfecho, tornando “Valerian” um filme pipoca belo, mas sem profundidade narrativa.

A construção fica melhor desenvolvida por conta das criaturas do planeta Mül, lar dos Pearls, um povo pacífico e sustentável que foca em um mundo no qual as pessoas vivem em paz. A princesa Lïhio-Minaa (Sasha Luss) é altamente relevante para a história, e esse arco é convincente e lembra muito o filme “Avatar” (2009). Um dos momentos mais lindos do filme é quando se concentra nesse planeta que é construído por um cenário praiano, repleto de conchas e pérolas. Outro ponto que também deve agradar é a participação da cantora/atriz Rihanna que faz uma belíssima performance e vive um personagem desconforme, integrante e que cativa.

Por fim, “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” é um trabalho afortunado, mas que seu roteiro não chega a altura de seus efeitos e acaba prejudicando até mesmo os atores que ficam limitados com o material. Possuía todos os recursos para ser um dos grandes filmes do ano, todavia falhou.