Entrevista: Equipe de ‘Motorrad’ fala sobre a repercussão do filme no Tiff

No dia 8 de março chegou aos cinemas o terror nacional Motorrad, que traz uma história inovadora e tem arrecadado uma série de elogios em diversos festivais ao redor do mundo, incluindo o Festival de Toronto (Tiff), no qual ele foi o único filme brasileiro na seleção principal.

Em Motorrad acompanhamos o jovem Hugo que está determinado a ser parte da turma de motocross do irmão mais velho. Durante uma trilha, Hugo se une ao grupo e ao lado da misteriosa Paula, eles embarcam em uma nova rota. No entanto, a diversão fica para trás quando eles cruzam com quatro motoqueiros sádicos que estão dispostos a matar cada um dos garotos.

Motorrad

Nós da Cine Mundo tivemos a oportunidade de entrevistar a equipe do filme durante a sua estreia em São Paulo, confira a seguir.

Como surgiu essa ideia tão autêntica de produzir um filme que mistura motocross e terror slasher?

L.G. Tubaldini Jr (Produtor e co-roteirista): A questão do motocross foi uma ideia que eu tive há mais ou menos 3 ou 4 anos. Eu contei um pouco sobre ela para o L.G. Bayão, que na época estava ocupado e, apenas me deu algumas sugestões, dessa forma o projeto acabou ficando parado por um tempo. Até que eu encontrei o Danilo Beyruth (quadrinista) e ele trouxe essa questão sci-fi ligada ao mundo slasher, além de ter elaborado desenhos ilustrando alguns dos conceitos. Portanto, assim que eu tive a oportunidade, retornei até o Bayão e mostrei a ilustração.

L.G. Bayão (Roteirista): Ele chegou até mim com um desenho de um motoqueiro arrancando uma cabeça com uma corrente. Minha reação imediata foi “Onde é que eu assino?”, afinal não temos nenhum projeto parecido no mercado.

“não adianta querer produzir cinema de gênero, mas entregar um mais do mesmo como muitos outros fazem”

Quais referências foram usadas para compor esse filme? 

Vicente Amorim (Diretor): A origem desse filme vem do Danilo Beyruth, foi graças às referências e o trabalho visual dele, que nós conseguimos nortear a equipe e chegar em uma coisa tão original. Afinal, não adianta querer produzir cinema de gênero, mas entregar um mais do mesmo como muitos outros fazem.

Segundo Danilo, o conceito do filme contou com referências que vão desde os clássicos do terror oitentista até a estética de diretores como John Carpenter e Ridley Scott.

O filme trabalha com relações muito intensas entre alguns personagens, isso foi pensado desde o início? 

Vicente Amorim (Diretor): Essa foi uma forma de dar substância para a história. Motorrad é sobre o amadurecimento do Hugo (Guilherme Prates), sobre a sua vontade de superar o irmão, sobre a descoberta de sua sexualidade e a sua primeira relação amorosa.

Motorrad trabalha muito com o silêncio em diversas sequências, como foi aplicar essa estética nas cenas?

Vicente Amorim (Diretor): Nós queríamos que o filme fosse muito sensorial e para isso ele não poderia ter excesso de diálogos, pois buscamos trabalhar com a construção do medo. Então foi algo que nós aplicamos no roteiro e levamos até os diversos ensaios com o elenco. 

Carla Salle (Atriz): Eu acredito que muitos desses momentos funcionam para o público conhecer o personagem e se colocar no lugar dele. Para nós, como atores, essa estética é muito interessante, pois é preciso que o ator se aprofunde no que está transmitindo sem o recurso das palavras.

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Como foi a recepção do filme no Festival de Toronto?

Vicente Amorim (Diretor): Foi um sucesso e após a primeira exibição o filme foi vendido para 6 territórios. Além disso, o que mais me surpreendeu quando soube que o nosso longa tinha sido selecionado foi que eles iriam colocá-lo na sessão principal, pois segundo a organização do evento, “não tinha nada como o Motorrad por aí”. 

L.G. Tubaldini Jr (Produtor e co-roteirista): A recepção foi ótima, nós tivemos salas lotadas. E por ser um festival grande como aquele, é difícil você lotar uma sala de exibição e nós conseguimos. A reação do público foi visceral.  

L.G. Bayão (Roteirista): Teve gente que assistiu o filme na primeira exibição e retornou em outra sala, apenas para poder rever a produção e discutir as suas interpretações.

Como foi vender um filme de gênero tão excêntrico no mercado brasileiro? 

L.G. Tubaldini Jr (Produtor e co-roteirista): Fazer cinema no Brasil, por si só, já é complicado, mas nós somos persistentes. Conseguimos os investidores, o apoio da Warner Bros. Pictures e a nossa equipe talentosa. 

Motorrad encontra-se em exibição nos principais cinemas do país.


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