[#FQVPV] Drive (2011)

“Drive”, de Nicolas Refn conta a história de um protagonista que nunca conhecemos verdadeiramente, um cara sem nome que trabalha meio período como dublê em filmes de ação, numa oficina de carros e também atua como uma espécie de motorista de criminosos; e desde a cena pré-crédito mostra que é um filme ação como nunca vi antes.

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Não sabemos muita coisa sobre o personagem de Ryan Gosling além do fato de ele amar carros – todos os aspectos de sua vida de alguma forma se relacionam com as quatro rodas. A primeira sequencia do filme é uma espécie de teste ao espectador para descobrir se ele está disposto a investir seu tempo nesse projeto recheado de elementos experimentais.

Ouvimos Ryan narrar suas regras: ele não pega em armas e, se em 5 minutos os ladrões (seus clientes) estiverem dentro do carro, ele vai até o fim na fuga; caso contrário ele vai embora sozinho. A partir daí acompanhamos a espera de Ryan por seus clientes, e quando eles finalmente chegam “Drive” nos exibe uma sequencia de perseguição muito inteligente, talvez inspirada em elementos de vídeo game como GTA, o carro sai calmamente, se esgueirando belas ruas escuras, sem trilha sonora alguma, ouvimos apenas o rádio da policia e o motor do carro, porém quando a policia se aproxima, uma musica rápida sobe enquanto os personagens dentro do carro ficam mais elétricos, temendo serem pegos, até Ryan conseguir se afastar um pouco mais da polícia e a música se dissolver, vemos então o título do filme, e ele de fato começa, naquele momento eu já estava completamente investida naquele personagem que sequer eu sabia o nome.

Ryan se apaixona por sua vizinha e se apega a seu filho Benicio cujo pai é um presidiário. A trama se desenvolve em torno da volta do pai de Benicio, ele está com dividas decorrentes de relações dentro da prisão e precisa de dinheiro para proteger sua ex-mulher e seu filho, Ryan resolve tentar ajudá-lo e partir daí se envolve com muitos elementos de filmes faroeste e máfia, onde ele, sozinho deve derrotar os “bad guys”.

A trama simplista é o que menos importa aqui, o charme de “Drive” está em sua cinematografia clara e aberta, e a trilha sonora peculiar que de tão divergente se torna perfeita às sequencias fazendo algumas imagens banais se tornarem inesquecíveis.

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Talvez um dos melhores exemplos da inteligência do filme além na sequencia inicial, seja a cena em que o personagem de Ryan beija sua vizinha pela primeira vez, dentro de um elevador toda a atmosfera é criada sem a ajuda de palavras, apenas um jogo de luzes e uma trilha sonora sutil são suficientes para transformá-la em algo emblemático e digno de muita admiração.

“Drive” conta a história de um protagonista que não sabe ser protagonista e atua como secundário na vida de todos a sua volta retratado por um Ryan Gosling competentemente inexpressivo, é um filme a ser apreciado, não pelos amantes do tradicional mercado de ação e violência norte-americano, mas por aqueles que como Nicolas Winding Refn gostam de experimentar e se aventurar em coisas diferentes. “Drive” é uma experiência única, que mesmo sendo composto por muitos elementos já conhecidos é quase um gênero sozinho.
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