Um dos personagens mais marcantes de O Esquadrão Suicida de James Gunn é Pacificador (Peacemaker), um personagem que representa os ideais do imperialismo americano na sua forma mais ridícula, pretensiosa, brutal e patriota.
Ele acaba se tornando um grande destaque no filme devido ao carisma exagerado de John Cena e o fato de ser um vilão que se vê como herói e não percebe as próprias contradições tanto de si mesmo como dos EUA, aliás esse é um personagem que cresce muito em cada capítulo e apresenta ideias interessantes ao mostrar Pacificador como alguém claramente com problemas mentais grandes.
Porém, antes de vermos ele em ação no filme foi revelado que estava sendo desenvolvido uma série spin-off dele dentro da HBO Max que há algum tempo procurava por formas de gerar séries derivadas para os filmes da DC (assim como teremos Gotham PD que se relaciona com The Batman) e James Gunn escolheu esse para ser o primeiro derivado de O Esquadrão Suicida.
A partir daqui poderão haver certos spoilers do filme, afinal alguns pontos de seus lados políticos e psicológicos foram demonstrados em viradas de trama e desenvolvimentos de O Esquadrão Suicida.
A origem da série e para onde ela deve caminhar
No decorrer do filme, após ser revelado a participação do governo do EUA nos experimentos com Starro existem um grande conflito entre o idealista Rick Flag e Pacificador, isso se deve por ele acreditar cegamente no governo e estar motivado a impedir um conflito internacional e então ele acaba matando Flag e depois é derrubado por Sanguinário.
Mas em uma cena pós-créditos vemos que ele sobreviveu a tudo e foi salvo para Amanda Waller, algo que faz muito sentido já que ele é um soldado fiel aos interesses americanos.
James Gunn falou um pouco da série em entrevista para Empire e esclarece um pouco dos rumos da produção:
“Peacemaker tem um conjunto claro de ideais que considero realmente interessantes … Você sabe: ‘Eu quero paz, não importa quantos homens, mulheres e crianças eu precise mate para obtê-lo. ‘ Parece um absurdo, mas também faz muito sentido. E você vê na performance de John como ele não se sente bem com isso – algo que eu pensei que era a semente de um programa de oito episódios inteiro.”
Além disso ele complementa:
“Ele representa uma parte da população mundial que é problemática para dizer o mínimo. E o coloca em uma situação em que ele tem que enfrentar as escolhas que fez ao longo de sua vida e o extremo de seus pontos de vista.”
O Personagem nos quadrinhos da DC
Existe a possibilidade de pegarem arcos ou ideias das HQs, o personagem surgiu originalmente nos quadrinhos da Charlton Comics e depois foi comprado pela DC Comics, ele foi criado pelo escritor Joe Gill e pelo artista Pat Boyette, o personagem sempre esteve comprometido tanto com a paz que era capaz de matar qualquer um para obter ela, ele muitas vezes trabalhava para o governo derrubando ditadores e inimigos dos EUA.
Muitas de suas histórias envolvem colapsos mentais de soldados que voltaram da guerra e transtornos de servir à política americana com Pacificador alucinando com visões de fantasmas de pessoas que matou em sua vida.
O personagem também ficou conhecido por conflitos com o Vigilante, provavelmente muito de seus dramas e combates das HQs clássicas devem ser reaproveitados em uma abordagem moderna para a primeira temporada da HBO Max.
A visão de Gunn e o tom da produção
A produção foi dita que terá mais ação que qualquer outra do gênero na TV e streaming, mas também será muito mais calma que o filme, essa sendo a primeira vez que o diretor embarca na TV imagina-se que terá certa experimentações já que esse parece ser o caminho dele no momento seja na crueldade e elementos trash em O Esquadrão Suicida, na animação I am Groot ou no especial de Natal dos Guardiões da Galáxia inspirado no infame especial de Star Wars.
Até agora sabemos que a trama gira ao redor de um grupo diferente de pessoas e lidará com a sociedade mostrando John Cena como Pacificador e Danielle Brooks como Leota Adebayo, ambos em lados opostos da política, tudo conforme mergulha com mais calma no drama e humor dos personagens.
Há um fator bem importante para a série, ela deve conter muito que O Esquadrão Suicida indicou sobre sua relação complicada e pesada com seu pai, pode-se até pensar que isso deve ser algo que determinou muito de seu lado insano e violento, inclusive teremos Robert Patrick no papel de seu pai.
A temporada também deve partir desses pontos apresentados no filme e mergulhar dentro do personagem, provável que represente em si um estudo de personagem e também um estudo sobre os EUA, deve ser bem menos frenético e ter boa parte do posicionamento político que Gunn teve contra Trump nos anos anteriores, além de uma inusitada trama de ficção científica.
Outra coisa curiosa é que foi dito que a produção possui inspirações diversas de coisas que vão desde séries atuais como Better Call Saul até bandas como Def Leppard, o jogo Dance Dance Revolution e filmes trash para TV do Capitão América dos anos 70 e 90.
A série tem potencial?
Potencial é o que não falta aqui, já vimos como o diretor se saiu muito bem em organizar seu próprio caos de conceitos e ideias tanto em Guardiões da Galáxia como também em O Esquadrão Suicida, claro que é difícil imaginar como tudo isso que sabemos irá conversar dentro da temporada e como isso irá impactar o público.
Mesmo com James Gunn sendo iniciante na TV acredito que podemos acreditar em um possível sucesso aqui, a série será uma forma do diretor brincar muito com novos formatos e explorando todo o carisma de Cena em um cenário bem interessante e inusitado, talvez até mesmo fortaleça a marca da HBO Max.
No elenco temos nomes como Steve Agee e Jennifer Holland retornando além de outros nomes novos como Chukwudi Iwuji, Lochlyn Munro, Annie Chang e Alison Araya, além da introdução de Freddie Stroma como Adrian Chase/Vigilante e Nhut Le como Judomaster, super-heróis do escalão B do Universo DC.
James Gunn escreveu todos os episódios e dirige cinco episódios, entre outros diretores temos Jody Hill (The Righteous Gemstones, Vice Principals), Rosemary Rodriguez (Jessica Jones, The Walking Dead) e Brad Anderson (Titãs, Treadstone).
A produção ainda não tem data prevista, mas deve estreia na HBO Max em Janeiro de 2022.