“Onde há amor, nunca é realmente escuro.”
O Senhor dos Anéis – Os Anéis de Poder estreiou na Amazon Prime Video com dois episódios de tirar o fôlego trazendo a nova adaptação da obra de Tolkien que anteriormente foi levada aos cinemas como uma trilogia dirigida por Peter Jackson, nessa nova adaptação temos uma série criada por J.D. Payne e Patrick McKay que busca os mesmos temas mas se situa em outra época criando novos cenários e jornadas a serem exploradas nesse universo.
A trama acompanha vários núcleos diferentes em um período de relativa paz mostrando diversos personagens, familiares e novos, enquanto eles confrontam um mal histórico que ressurgiu na Terra Média, a produção mergulha nas profundezas das Montanhas Nebulosas, até as florestas majestosas da capital elfa de Lindon, e a magnífica ilha do reino de Númenor explorando os limites da Terra-Média.
A direção de ambos os episódios é de J. A. Bayona (O Orfanato, Sete Minutos Depois da Meia-Noite) que possui uma grande sensiblidade em capturar o espírito da obra com grandiosidade nos cenários e na escala dos personagens, mas também consegue conduzir muito bem a ação, aventura, o timing cômico certeiro e os diálogos contemplativos típicos desse mundo.
No elenco alguns nomes se destacam no vasto universo como a boa presença do elfo Arondir (Ismael Cruz Córdova) e sua relação amorosa com Bronwyn (Nazanin Boniadi), a complicada amizade entre Elrond (Robert Aramayo) e Durin IV (Owain Arthur) que expõe um forte choque cultural entre elfos e anões, mas também demonstram um afeto sincero entre eles.
Mas há ainda uma grande força da série através da figura heróica de Galadriel (Morfydd Clark) que está em uma busca constante por Sauron enfrentando muitos perigos e na doce inocência de Nori (Markella Kavenagh) que possui um certo apego por aventuras que acaba ganhando um foco principal, afinal ela se encontra dentro de um elemento misterioso da história devido a conexão dela com O Estranho (Daniel Weyman) que parece ter algo a ver com o ressurgimento da escuridão.
O roteiro tanto do primeiro episódio de J. D. Payne e Patrick McKay como do segundo feito por Gennifer Hutchison trabalham muito bem para nos introduzir tanto ao mundo e seus aspectos culturais e de fantasia em um olhar bem íntimo, mas também nos mostra em detalhes quem são esses personagens que por serem formados por um elenco incrivelmente diversificado só torna a nossa experiência com a série ainda mais rica.
Isso pode tornar o primeiro episódio um tanto mais lento e muito mais introdutório, porém isso é necessário para que nos importemos com a trajetória e com as ameaças que começam a surgir no segundo episódio que traz mais da aventura, humor e diversão contagiante que a Terra-Média é capaz de nos oferecer, mas nunca esquecendo de sua riqueza que é visto por um belo trabalho de design de produção, fotografia luminosa, efeitos digitais e locações.
O segundo episódio já traz mais aspectos de um entretenimento com grande apelo através da comédia com Durin IV (Owain Arthur), no mistério do Estranho (Daniel Weyman) e até mesmo se utilizando de um estilo de horror e ação com Bronwyn (Nazanin Boniadi).
Além disso podemos ver que há um foco bem preciso em não desconstruir esse universo, mas sim em explorar a temática de como é caminhar pela luz e resistir às tentações da escuridão, os vários núcleos que possuem lá tem alguns elementos envolvendo uma visão sobre a sociedade e segredos, mas o principal está em explorar esse embate de luz e trevas de um ponto de vista pessoal.
Claramente há muito a ser visto ainda na produção, pois ainda não nem tivemos vislumbres de Númenor que terá um papel crucial nessa aventura, mas já pode-se dizer que tivemos um ínicio bem promissor para essa história que caminha com suas próprias pernas com personagens originais ao mesmo tempo que se mantém fiel aos temas e espírito desse universo, além de oferecer outras perspectivas de personagens clássicos da obra.
O Senhor dos Anéis – Os Anéis de Poder com seus dois episódios iniciais se mostrou ser uma série de fantasia com grande potencial para crescer e para conquistar um público ansioso para viajar novamente pela Terra-Média e encontrar novamente a beleza e a força desse mundo fascinante.
