E começa a nova temporada de “American Horror Story”, intitulada de “American Horror Story: Cult” nos entregando uma história que envolve tensão psicológica, fobias, política, culto, palhaços macabros, ou seja, uma mistura no mínimo inusitada e ousada.

Como muitos sabem, essa série é uma antologia, portanto cada temporada apesar de manter parte do elenco, os colocam em papéis distintos e foca em um tema diferente a cada ano, com poucas conexões entre eles, entretanto os últimos anos vem ganhando ligações mais fortes, como é o caso dessa sétima temporada que traz de volta o palhaço Twisty de “Freakshow”.

A trama parece apontar que a eleição de Donald Trump em 2016 é o começo de todas as coisas ruins e sinistras que se desenrolam, focando na história de Ally Mayfair-Richards (Sarah Paulson), uma mulher com diversas fobias, que ao lado de sua esposa Ivy Mayfair-Richards (Alison Pill) cuidam de uma criança, além de nos apresentarem os irmãos Kai (Evan Peters) e Winter Anderson (Billie Lourd) que parecem estar por trás de um grupo de palhaços assassinos pela cidade. Além desses, também temos a primeira aparição do detetive Samuels (Colton Haynes) e do palhaço Twisty (John Carroll Lynch) que devem ser aprofundados no decorrer da história.

Mais uma vez temos um roteiro afiado, ágil e envolvente de Ryan Murphy e Brad Falchuk, ambos entendem sobre o que a série é, e sabem como injetar humor satírico, contextualizar com ideias sociais atuais, mergulhar em dramas e oferecer um terror implícito e explicito, conforme for necessário.

Entretanto existem alguns problemas a serem ponderados. O episódio apesar de desenvolver bem Ally e suas fobias e de fazer um interessante contraponto com Kai, já que esse é uma representação de um eleitor do Trump fortalecido pela cultura do medo, enquanto Ally representa a oposição fiel a Clinton que se viu aterrorizada com o medo do que o novo presidente fará no comando do país, há certos deslizes no conceito geral do ano que deviam ter sido mostrados nesse episódio de 50 minutos. Faltam acontecimentos mais impactantes para prenderem o público na cadeira, pois tudo fica muito na superfície, é aceitável haver mistérios, mas evidencia-se que algo podia ter sido mais bem aprimorado.

A direção de Bradley Buecker é boa, segura e divertida no drama, humor e terror, cumprindo o necessário que o script e a produção pedem dele.

O elenco é muito bom, sendo um dos maiores acertos da série até hoje, todos são capazes de elevar temporadas mornas e segurar episódios cansativos e pouco envolventes. Aqui vemos o retorno de Evan Peters e Sarah Paulson, figuras já tão usadas em anos anteriores e que voltam com dois grandes personagens, mas apesar da ótima atuação de ambos, o roteiro trabalha mais a favor de Paulson como Ally do que de Peters como Kai. Alison Pill faz uma performance aceitável como Ivy e temos a curiosa participação de Billie Lourd como Winter cheia de química com Kai, seu irmão.

“American Horror Story: Cult” falha na tarefa de trazer uma introdução adequada ao mundo do sétimo ano da série de Ryan Murphy, mas tem una trama envolvente, direção boa, ideias promissoras e atuações ótimas de Peters e Paulson, além é claro, de sustos, humor satírico e tensão psicológica.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
8
Atuações
9
Direção de Fotografia
7
Direção de Arte
7
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.