Gen V já pode ser chamado de uma das grandes surpresas do ano, afinal alguém realmente acreditava que uma versão “Euphoria” de The Boys renderia uma boa série?
Felizmente com seus três primeiros episódios lançados pela Prime Video vemos que a série é muito mais do que aparentava e consegue até mesmo contornar os problemas que The Boys apresentou nos últimos anos, não me entendam mal. Eu gosto e vejo valores em The Boys, mas a falta de riscos e de bons envolvimentos emocionais, além do fato de ser uma série que se arrasta e se leva muito mais a sério do que era necessário virava um problema.
Gen V inicia com muito mais síntese e ritmo nas suas histórias, somos apresentados para Marie Moreau (Jaz Sinclair), uma jovem com a habilidade de usar o próprio sangue como arma e sobrevivente de um trauma que acaba de entrar na universidade Godolkin. Uma instituição da Vough International que acolhe jovens com poderes para torná-los futuramente “super-heróis”.
A busca por heróis pela Vough é puramente política e publicidade para ofuscar atenção do público de outras questões nesse mundo, o mesmo vale para os alunos que vão competir por popularidade com diversos objetivos desde fama até continuar um legado de seus pais, nesse mundo se trata de ter poder dentro da sociedade através dos privilégios.
A grande sacada aqui é que Eric Kripke se alia a Craig Rosenberg (O Mistério das Duas Irmãs) e Evan Goldberg (Superbad), juntos acabam criando algo bem refrescante dentro da temática tanto da sátira social como também de séries de super-heróis entendendo como trabalhar o lado mais juvenil, sexual e impulsivo de uma geração de jovens que ou são inseguros ou cheios de certezas.
Os seus poderes representam debates como anorexia, identidade não-binária, puberdade de uma forma bem sincera e envolvente, a união entre esses personagens também soa natural e eles exalam carisma em tela como Chance Perdomo vivendo Andre Anderson (um rosto que muitos podem conhecer por O Mundo Sombrio de Sabrina) ou a vibrante Lizze Broadway como Emma Meyer/Little Cricket, fora outros nomes que destacam como Maddie Phillips como Cate Dunlap ou London Thor e Derek Luh como Jordan Li.
Os episódios possuem uma direção bem ágil e sabem até mesmo conduzir combates com destaque para Nelson Cragg e Phil Sgriccia, a montagem também deixa eles mais fluídos e com três episódios já temos um mistério e um grupo de jovens unidos contra injustiças e repletos de nuances enquanto enfrentam seus traumas e criam conexões entre eles partidas muito pela situação e por uma irresponsabilidade típica de universidade.
As sátiras do universo estão presentes com até mesmo participações especiais de personagens de The Boys, algo que não era totalmente necessário só que acabam sendo melhor usados dentro desse contexto imaturo de Gen V, o ponto forte está realmente nos jovens como Emma ou até mesmo em como desvendam o passado de Luke Riordan vivido por Patrick Schwarzenegger que é muito mais do que suas aparências de garoto popular e valentão.
É uma produção sobre universidade, embates sobre popularidade, impulsividade nas ações, trasborda sexualidade e atitude sabendo como tornar esse um mundo bem próprio onde a sátira e poderes caóticos de The Boys se torna mais um complemento do que uma necessidade para compreensão da série, diria até que as críticas sociais funcionam melhor aqui do que na produção original.
Agora é aguardar pelos próximos episódios para conferir se a série conseguirá manter os temas, diversão e os desenvolvimentos dos dramas e mistérios ao redor da temporada, mas pelo seu início já promete bastante pelas próximas semanas.
Os três primeiros episódios de Gen V estão disponíveis na Prime Video.