Eu sou Loki de Asgard. E eu tenho o fardo de um glorioso propósito.
Chegou nessa semana no Disney+ o primeiro episódio de Loki, a nova série da Marvel Studios que prometia trazer pela primeira vez uma narrativa com o Loki de protagonista que até então era um frequente coadjuvante que sempre roubava a cena, tanto devido ao talento de Tom Hiddleston e também pelo apelo popular do personagem de índole duvidosa mas ao mesmo tempo carismática.
Na trama, o Loki é levado para a misteriosa organização AVT (Autoridade da Variação do Tempo) depois de roubar o Tesseract, durante os eventos de Vingadores: Ultimato (2019), e usá-lo para viajar no tempo alterando a história da humanidade, terminando preso em seu próprio thriller policial.
E assim sem mais nem menos, a direção sólida de Kate Herron (Sex Education) e o roteiro ágil e divertido de Michael Waldron (Rick and Morty) souberam muito bem o que extrair desse novo cenário do MCU e principalmente como trabalhar com o Loki dentro desse novo mundo cósmico que acabou de se abrir dentro da Marvel.
O piloto alterna muito bem entre dois tons bem específicos, um deles sendo uma história policial de mistério e o outro uma comédia cheia de absurdos que brinca com conceitos de um sci-fi retro-futurista, isso tudo claro que nos faz lembrar da estética de filmes como Brazil – O Filme e séries como Arquivo X, mas diferente das séries anteriores da Marvel esses aspectos servem a um propósito de direcionar o ambiente e o tom da história e não apenas chamar atenção para si mesma.
Os fãs de quadrinhos perceberão muitas ideias visuais de quadrinistas como Jack Kirby e Walt Simonson ganhando vida ao longo do episódio, enquanto somos apresentados sobre quem é Loki e porque ele faz o que faz ao longo de diálogos extensos e com ótimo timing de Hiddleston e de Owen Wilson que aqui interpreta o agente Moebius.
A série sabe quando se levar ou não a sério e tem um controle de sua trama, aqui não parece que temos uma produção inflada de personagens ou que parece um filme formatado como série, tudo isso nos faz adentrar cada vez mais no psicológico de Loki e dos comentários do roteiro sobre o papel de um vilão em uma história flertando levemente com uma metalinguagem.
E para os entusiastas de pistas para as próximas sagas do estúdio, aqui há muito o que explorar e ser explicado de forma fluída e sem perder o foco que é de colocar Loki contra a parede e torná-lo um aliado improvável de Moebius, afinal eles precisam sair em uma caçada misteriosa pelo tempo atrás de um inimigo aparentemente implacável.
Um piloto que nos faz compreender uma nova mitologia, realça motivações dos personagens e nos instiga a querer mais episódios, o que torna essa a maior estreia do MCU após Vingadores: Ultimato e renova o interesse do público com essas narrativas da Marvel.
Chega ser até irônico que o vilão que catapultou o sucesso da Marvel Studios em 2012 com Os Vingadores, agora seja o responsável por direcionar o futuro dos próximos anos, talvez esse seja o tal glorioso propósito do qual ele tanto falou por 10 anos.