X-Men ’97 vinha sendo divulgado muito tempo antes de sua estreia e por mais que haja certa empolgação com o retorno dos mutantes, era visível que o material promocional se apoiava mais em nostalgia dos anos 90 do que em potenciais de história dos X-Men, felizmente a série animada mostra a que veio e se revela uma das melhores produções dos últimos anos com super-heróis.
A produção que foi escrita por Beau DeMAyo (agora afastado da série animada) e tendo como supervisor na direção, Jake Castorena se trata da primeira das novas séries a serem feitas pela Marvel Studios Animation se utilizando do estilo visual de 2D feito aqui em parceria com Studio Mir.
A série animada continua eventos da série animada dos anos 90, agora lidando com a perda de Charles Xavier e a chegada de Magneto que herdou dele, o grupo dos X-Men e irá liderar eles levando a uma grande mudança de rumo para os personagens enquanto carregam os sonhos de uma coexistência pacífica com os humanos.
O texto da série possui muito riqueza em como intercala temas com arcos, não há grandes desconstruções que desafiam o clássico e em vez disso opta-se por personagens com dramas bem escritos que exploram suas características emocionais, as suas habilidades como X-Men e as narrativas icônicas envolvendo ficção científica, os valores pacifistas e conflitos políticos que continuam extremamente atuais.
A série animada clássica sempre teve entre seus méritos condensarem arcos complexos de formas sucintas, mas jamais destoando do que foram suas histórias nos quadrinhos e tudo isso continua nessa nova versão conforme adentram em arcos marcantes de Tempestade e Gambit.
Nessa sequência também temos um foco maior em Ciclope como era nos quadrinhos, ele adquire carisma e uma presença de cena juntamente de Magneto que traz um dos retratos mais interessantes do “vilão” desde a interpretação de Ian McKellen nos filmes, também é uma surpresa positiva ver que não se esquivam sabendo serem incisivos no lado político.
O bom e velho melodrama na série está de volta inserindo o espírito novelesco nos mutantes, um elemento que deixou tanto o desenho clássico como os quadrinhos de 80 e 90 bem populares. Afinal, essas são histórias que misturam novela com o fantástico da Marvel, debates sociais e aventura globais pelo planeta, tudo gerando essa combinação inusitada e tão empolgante e envolvente que é X-Men.
A animação é cheia de vida trazendo cores e um trabalho de luzes que brincam com estética sci-fi, uma combinação de detalhamento ao estilo de um gibi com animação tradicional e o uso de complementos através de CG que pode estranhar de longe, porém criam momentos únicos e poderosos mostrando que alguns super-heróis são muito mais emblemáticos através de seu visual deslumbrante de uma série animada.
Há muitos momentos ágeis na ação e um charme nessa visual de uma HQ, porém também há deslizes quando envolvem cenas de diálogos que é onde a fluidez é quebrada. Porém acho que o bom trabalho em criar composição visual dos elementos em cena, destacando bem o melodrama dos personagens é um recurso que não corrige as falhas mas ameniza bastante.
Durante esses dois episódio vemos drama entre personagens, o bom humor dentro do grupo, os novos caminhos para Magneto, grandes surpresas para Ciclope, triângulos amorosos, reviravoltas extravagantes, o horror da intolerância e muitos uniformes coloridos. Tudo isso de uma forma ou de outra é X-Men e mais do que tudo isso é Marvel em sua raiz mais pura dos gibis e agora está de volta com toda a sua glória.
X-Men ’97 com seus dois primeiros episódios apresenta tanto uma continuação da série animada dos anos 90 como também um reinício promissor que trabalha os X-Men como uma alegoria para diferentes tipos de minorias e é a perfeita porta de entrada para um nova geração de fãs.
Talvez tenha chegado o momento dos X-Men mais uma vez na Marvel mostrarem o caminho para alcançar uma marca cultural e provarem porque eles foram por décadas considerados como os maiores super-heróis dos quadrinhos.