Título: A Viagem do Peregrino da Alvorada (As Crônicas de Nárnia)
Autor: C. S. Lewis
Gênero: Fantasia/ Ficção
Editora: Wmf Martins Fontes
Páginas: 231

A Viagem do Peregrino da Alvorada marca a separação dos irmãos Pevensie, motivada por uma oferta de trabalho oferecida ao pai dos garotos nos Estados Unidos. Enquanto Susana acompanha os pais na viagem, Pedro fica na Inglaterra para se preparar para entrar na faculdade, para isso, decide passar as férias estudando na casa de seu tio, o professor Kirke (dono do guarda-roupa, que originou a história de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa”), que depois de perder tudo o tinha passa a morar em uma casa bem menor que o impossibilita de receber os dois irmãos mais novos, assim Lúcia e Edmundo acabam indo para a casa dos tios Arnaldo e Alberta, pais de Eustáquio Mísero, primo que os meninos consideram insuportável. Cético, solitário e dono de um ar de superioridade surpreendente ele não faz questão nenhuma de ser amigável ou receptivo com os primos.

Um dia, quando os três se encontram em um mesmo quarto da enorme casa dos tios, um quadro que retrata um barco em alto mar logo começa a chamar a atenção de Lúcia e Edmundo por seu realismo, enquanto se perdem em seus detalhes o quadro ganha vida e eles são transportados ao mar de Nárnia, lançados de forma inesperada à suas águas os três são resgatados pelo navio Peregrino da Alvorada e são recebidos pelo agora rei, Caspian, que assumiu o trono de Nárnia há apenas três anos (um período razoavelmente curto se comparado ao tempo de transição dos volumes anteriores).

Caspian explica aos novos tripulantes que, após estabelecer a paz no reino, decidiu partir em direção ás Ilhas Solitárias, um arquipélago que em eras anteriores estava sob o domínio de Nárnia, mas que, após a morte de seu pai e ascensão de seu tio, o tirano Miraz, acabaram sendo abandonadas pelo país. Juntos eles embarcam numa jornada para encontrar os sete fidalgos perdidos que tinham sido enviados pelo pai de Caspian para os Mares Orientais e que acabaram sendo exilados durante o último reinado.

No navio, Lúcia e Edmundo reencontram mais um rosto conhecido, o de Ripchip, o valente rato-chefe falante que lutou bravamente ao lado deles durante a batalha de Beruna (descrita em “As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”).

Ilha após ilha, eles enfrentam inúmeros perigos, muito vívidos e bem descritos, que permitem uma profunda “exploração” dos territórios de Nárnia, apresentando ainda mais povos e lendas até então desconhecidas como os tontópodes, o mágico Coriakin, a mulher-estrela, sereias e monstros marinhos. As ilhas, são tão diferentes entre si que parecem ter personalidade própria, o grupo se vê cara a cara com perigos, tentações e maravilhas nunca antes vistas, como a terra onde os sonhos se tornam realidade, a mesa sempre cheia e farta de Aslan e a maldição que torna o portador de um bracelete em dragão. A riqueza na descrição dos lugares é o que dá mais credibilidade a esse volume e se firma como uma das principais qualidades de C. S. Lewis.

Quanto mais se aproximam de completar a missão de encontrar cada um dos nobres fidalgos, mais Caspian e seus tripulantes adentram águas nunca antes navegadas, chegando a se aproximar do fim do mundo onde acredita-se estar a Terra de Aslan, o grande leão. Desse modo, assim que finaliza a missão de encontrar os sete lordes, Caspian resolve continuar sua jornada até o fim do mundo. Ripchip, sempre evocando uma espécie de profecia feita por uma ninfa, acredita que seu destino é chegar lá. A chegada a esse mítico lugar marca um dos momentos mais emocionantes da saga quando Aslan explica pela primeira vez para os irmãos Pevensie que ele é um ser que está em todos os mundos, que é apenas denominado de muitas formas diferentes, sendo portanto necessário que os garotos aprendam a reconhecê-lo. Fazendo assim uma referência a Deus e evidenciando a ligação da saga ao cristianismo.

A história de A Viagem do Peregrino da Alvorada, está mais próximo de seus precedentes “O Sobrinho do Mago” e “O Cavalo e Seu Menino”, por ter uma história focada em uma jornada permeada de desafios pessoais impostos aos personagens e não em uma guerra como acontece em “O Leão, A Feiticeira e O Guarda-roupa” e “Príncipe Caspian”.

Esse que é o terceiro livro da série a ser publicado e o quinto na ordem de leitura possui um bom ritmo, repleto de reviravoltas e provações, que tem como principal objetivo retratar o amadurecimento de seus personagens, enquanto Susana e Pedro demostram isso através do fato de não retornarem para Nárnia, Lúcia e Edmundo precisam cumprir mais uma etapa para seu aprimoramento pessoal, enquanto Caspian busca apoio para se firmar como o rei que nasceu para ser, em várias passagens do livro ele precisa reafirmar sua liderança, mais para si mesmo do que para os outros. Mas é Eustáquio o que mais evolui, crescendo e se modificando a cada desafio até retornar irreconhecível para casa. Mais do que um volume fantástico, A Viagem do Peregrino da Alvorada é uma jornada de amadurecimento.

REVER GERAL
As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada
Sou do tipo que chora em filmes, séries e livros, por isso mesmo me considero uma apaixonada. Reparo em coisas que pouca gente presta atenção como figurinos, cenários e trilhas sonoras.