Título: O Iluminado | The Shining
Autor: Stephen King
Editora: Suma das Letras
Ano: 2012
463 páginas
No inverno, o Hotel Overlook deixa de abrigar hóspedes, por conta da grande nevasca a entrada e saída de lá fica muito difícil, portanto o gerente do Overlook decide contratar alguém para ficar tomando conta do estabelecimento do durante esse período, esse alguém é Jack Torrance um alcoólatra violento, desempregado e sem perspectiva de futuro que precisa desse emprego e leva sua esposa e filho para esse Hotel durante quatro meses.
King não se ocupa muito em descrever os personagens fisicamente, o que dificultou a minha tentativa de distanciamento da obra de Stanley Kubrick, porém aos poucos fui percebendo o quão pouco importava a aparência física dos personagens. A direção principal é estabelecer um conflito antes mesmo da família Torrance chegar ao Hotel, Jack está lutando contra seu desejo de ingerir bebidas alcoólicas, Wendy, sua esposa, tenta se sentir segura novamente ao lado do marido após um episódio de violência contra seu filho e Danny, não só fica no meio desse conflito, como não lida com as situações de forma convencional, digamos assim.
Danny, tem um amigo chamado Tony – que só Danny tem acesso – que lhe conta coisas que já aconteceram e que irão acontecer. Tony é um elemento interessantíssimo, pois por mais que soe absurdo ele é o elemento mais real dentro de tudo que acontece no hotel.
Acima mencionei que King não descreve seus personagens, essa tarefa é canalizada ao próprio hotel que tem uma presença tão forte e amedrontadora que me senti presa lá dentro, junto com aquelas pessoas.
“Dentro de sua concha, os três viviam a rotina do anoitecer, como micróbios presos no intestino de um monstro”.
Aos poucos, Jack Torrance começa a ficar obcecado com o passado misterioso do Hotel Overlook e se transformar em alguém bem mais perigoso do que quem Wendy e Danny estavam acostumados a temer.
“O Iluminado” é um livro diferente de tudo que já li. Como é possível que uma história centrada em apenas três personagens – e alguns poucos outros – dentro de um mesmo espaço consiga segurar minha atenção de forma quase ininterrupta? Stephen King desenvolve personagens absolutamente complexos, nenhum dos três membros é descartável ou esquecível, cada um enfrenta os próprios dilemas que convergem ou divergem entre si criando uma atmosfera de mistério e tensão dentro de um ambiente que por si só já sobrevive. Ao meu redor, enquanto lia, vi meu quarto se transformar em um Overlook, e embora a leitura tenha sido absolutamente prazerosa, estou feliz que tenha acabado.
Stephen King nos traz devaneios sobre vício, sobre o que não é natural e ensaios sobre a loucura, há razão na loucura? A loucura existe ou é apenas uma manifestação de outra coisa? Ler “O Iluminado” mesmo após ter visto o filme foi uma excelente experiência – ate porque existem diferenças significativas entre as visões de Kubrick e King sobre a família Torrance e o Hotel Overlook e tudo que posso dizer é que acompanhar as duas é uma experiência fantástica.