Titulo: O Retrato de Dorian Gray – The Picture Of Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Editora: Martin Claret (2014)
Número de Páginas: 252
Em “O retrato de Dorian Gray” Oscar Wilde desenvolve com maestria um personagem hipnotizante e desprezível, aborda o culto a beleza de forma assustadoramente verossímil e faz o leitor ser carregado com leveza, simpatia e horror pelos diálogos presentes na trama.
Em Dorian Gray se concentra a beleza, ele é um rapaz jovem e encantador que acaba por despertar o interesse do artista Basil Hallward que o imortaliza em uma pintura a qual considera sua obra prima. O retrato de Dorian, porém, revela-se não como uma pintura comum, e guarda um segredo.
“Tu és o tipo que nossa época procura, mas que receia ter encontrado. Estimo que nunca tenhas feito nada: nem modelado uma estátua, nem pintado uma tela, nem produzido outra coisa senão tu mesmo!… Tua arte foi tua vida. Tu mesmo te puseste em música. Teus dias são teus sonetos”.
De início Dorian é apenas um jovem de 18 anos não consciente de seu efeito sob as pessoas, até se deparar com a obra de seu amigo Basil. Dorian fica absolutamente estupefato com tamanha formosura e começa a se martirizar ao se dar conta de que a beleza daquela pintura irá perdurar séculos enquanto ele ficará velho e enrugado antes de morrer.
Tanta adoração de Brasil à Dorian desperta a atenção de Henry que decide conhecê-lo e os dois começam uma amizade. Após seu quadro e sua amizade com Henry o rumo de Dorian se transformará completamente. A relação com Henry é o que lhe guia à seu prazer e também à sua ruína.
Observar as transformações de Dorian através das palavras tão bem traduzidas por João do Rio é uma experiência magnífica, vemos aquele rapaz jovem e inocente ouvindo as adorações de seu pintor, inicialmente Dorian com pouco a oferecer além da beleza se transforma em algo complexo e absolutamente indecifrável.
A escrita é absolutamente encantadora, o vocabulário é rebuscado e não recomendado para quem ainda não tem na leitura um hábito, porém àqueles que já leem há algum tempo e pretendem começar a se dedicarem aos clássicos “O retrato de Dorian Gray” é um excelente primeiro passo, tendo em vista que aqui Oscar Wilde consegue transmitir a podridão de uma sociedade fútil com uma perspectiva tão – ironicamente – bela e compreensível.
“O retrato de Dorian Gray” narra três personagens e relações absolutamente inquietantes, faz críticas à adoração da beleza presente na sociedade aristocrática, onde os belos rostos passeavam sorridentes pela rua enquanto as almas podres e envelhecidas permaneciam trancadas em quartos escuros, e também às más influências, onde um jovem bonito entra em absoluta degradação moral ao entrar em contato com os não-belos. Aqui está uma obra que embora se passe num período histórico diferente, nos mostra que tais críticas são perfeitamente pertinentes à sociedade atual, tornando-a não apenas uma obra de arte primorosa, mas uma crítica social ainda relevante.
//